Segundo estudo 'Branding Brasil – O valor que o país gera', da agência Ana Couto, 44% de pessoas com idades entre 16 e 20 anos disseram não ter identificação com o país
Isolamento, união, orgulho, desgosto e pessimismo são palavras conflitantes que aparecem em uma pesquisa que busca compreender a marca Brasil a partir da percepção dos brasileiros. Essas palavras, traduzidas em sensações e sentimentos, variam de acordo com o perfil dos respondentes.
Os jovens, por exemplo, se mostraram mais pessimistas quanto ao país e o seu futuro em relação às pessoas mais velhas: 44% deles de 16 a 20 anos não se identificam com o país e 56% não acreditam que o Brasil é o lugar ideal para viver.
"Jovens avaliam seu futuro a partir do cenário socioeconômico atual. As condições que o país oferece para se desenvolverem. Isso impacta suas expectativas e suas esperanças associadas ao país", explica Ana Couto, CEO da agência Ana Couto, responsável pelo estudo Branding Brasil – O valor que o país gera.
O material reúne informações capturadas a partir de três metodologias: estudo quantitativo com 2.500 representantes de todo o país; social listening, com análise de mais de 600 mil tweets; e cinco comunidades online, com 150 participantes ao todo.
"Pessoas mais velhas passaram por períodos em que o nacionalismo era mais presente: campanhas governamentais, vitórias em Copas do Mundo e outros momentos em que os laços com o país foram fortalecidos. Além disso, tendem a ter mais laços com o Brasil: família constituída, vida profissional e outros fazem com que sejam mais otimistas em relação ao país - possivelmente porque já se acostumaram com uma série de fatores críticos relacionados ao Brasil", adiciona a executiva.
A pesquisa também retrata uma quebra entre o Brasil, hoje visto como um país isolado (54%), que não se desenvolve por sempre mudar de rumo (52%); e a figura do brasileiro, com 71% dos participantes afirmando que o brasileiro é capaz de fazer qualquer coisa quando opta pelo caminho da união.
"O motivo de o Brasil ser mal avaliado se dá principalmente pelo nosso cenário socioeconômico, condições de vida que o país oferece e comparação das vantagens e desvantagens de morar aqui", diz Couto. Já as as percepções positivas aos brasileiros estariam conectadas ao potencial que enxergamos enquanto país e na esperança com o futuro.
A dualidade das nossas relações também está presente nos símbolos que sempre estiveram nas nossas vidas, como a bandeira nacional e a camisa da seleção brasileira. 58% concordaram que sentem saudade de usar algo com as cores do país, o que demonstra que os símbolos não perderam a força. A despeito disso, parte da população não mais utiliza esses elementos.
"As cores da bandeira nos acompanham durante toda nossa vida, criamos desde cedo uma relação de reconhecimento e identificação com a bandeira, a camisa e outros símbolos que as carregam. No entanto, observamos nos últimos anos um grande movimento de polarização quanto ao uso de cores e símbolos nacionais, principalmente por associações de ideologia política", afirma Couto.
Segundo a especialista, a resposta sobre a 'saudade' no uso dos adereços ou peças foi importante por mostrar que os símbolos continuam preservados e pode sinalizar um "movimento de despolarização".
Apesar disso, o estudo também revelou um maior tensionamento em dois grupos. Mulheres (67%) e negros (57%) não concordam com a afirmação que a "bandeira nacional representa o futuro" e apresentaram sentimentos mistos entre 'tristeza' e 'alegria' sobre o símbolo. Explicação, acredita Couto, que está relacionada por serem contingentes menos representados ou com perspectivas mais limitadas na configuração do Brasil atual.
(Crédito da imagem: Raphael Nogueira on Unsplash)