Privacidade de dados também está entre os fatores que explicam movimento, turbinado ainda pela onda vintage
A primeira transmissão elétrica de voz foi realizada pelo cientista escocês Alexander Graham Bell no dia 10 de março de 1876, data eternizada como o Dia Mundial do Telefone. A empresa fundada à época, a The Bell Telephone Company, daria origem à American Telephone and Telegraph Company (AT&T), gigante norte-americana das telecomunicações, com receita de US$ 32 bilhões no quarto trimestre de 2023. A invenção transformou para sempre a forma como as pessoas se comunicam, movimentando inovações que culminariam no surgimento do celular, em 1973.
Essa foi outra revolução, que chamaria usuários e o mercado para negócios e possibilidades nunca imaginadas. Pagar contas, trabalhar, fazer compras, pedir comida, mandar mensagens para amigos, tirar fotos, acessar redes sociais, aplicativos e chat bots que resolvem quase todas as questões do dia a dia estão entre os atrativos dos smartphones, sem esquecer da sua função original, as ligações.
Mas hoje, as pessoas começam a reconhecer os efeitos perniciosos da vida conectada o tempo todo. A ansiedade é um deles. Os sinais de fadiga digital apontam para um movimento de retomada dos featurephones, especialmente entre os jovens. “Parece, sim, estar existindo uma conscientização crescente sobre os riscos dos celulares, mais especificamente das mídias sociais, de vício, das implicações no dia a dia”, confirma André Miceli, professor de MBAs da FGV.
A situação é agravada por deep fakes, uso de inteligência artificial e algoritmos que, aos poucos, prendem cada vez mais a atenção das pessoas. “Esse movimento parece ser uma resposta à ansiedade, depressão, distúrbio do sono e problemas de autoimagem. Há muitas questões que acabam sendo influenciadas pelos smartphones, e há uma parcela da população querendo ficar distante disso”, ratifica o professor.
Conhecidos como “dumbphones” (celulares burros, em tradução livre), os featurephones entregam o básico, a exemplo do antigo “tijolão”. Com visual retrô, eles têm teclado numérico, preços mais acessíveis, duração maior de bateria, e realizam chamadas de voz. A tela não é sensível ao toque e possui pouca resolução. Esses celulares não comportam aplicativos. Mas alguns aceitam Whats-
App, Facebook e YouTube, além de acesso a redes móveis e wi-fi. A capacidade de armazenamento e memória é reduzida e, para mandar mensagens, só mesmo por SMS. Muitos têm o design em flip, outra característica que desperta a febre de ímpetos nostálgicos.
“O desejo de desintoxicação digital, redução de exposição às mídias sociais, um entendimento melhor sobre as implicações que os smartphones trazem na vida das pessoas e o desejo de ficar afastado estão entre os fatores que justificam a busca por simplicidade”, insiste Miceli. O resgate de celulares sem redes sociais e apps também indica a preocupação com privacidade e segurança. “A pessoa fica muito mais exposta quando usa um smartphone”, compara Miceli.
Leia a matéria completa na edição do propmark de 4 de março de 2024