Ex-primeira-ministra da Nova Zelândia fala sobre liderança durante o 'Relate 2025", evento realizado pela Zendesk em Las Vegas (EUA)

É possível ser mãe e liderar um país? Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia entre 2017 e 2023, provou que sim. “Fui a segunda líder do mundo a me tornar mãe ainda no cargo”, lembra a autora do livro “A different kind of power: A memoir”, que será lançado no dia 3 de junho de 2025. Ela levou dois anos para concluir a sua autobiografia.

Jacinda participou do painel “Leadership with purpose”, realizado durante o ‘Relate 2025’, evento anual organizado pela empresa de experiência do consumidor Zendesk. Mediada por Kady Dundas, senior VP integrated marketing da Zendesk, a sessão ocorreu nesta quinta-feira (27) no centro de convenções do Aria Resort & Casino, complexo operado pelo grupo MGM Resorts International na cidade de Las Vegas, em Nevada (EUA). Em 2026, o encontro permanece nos Estados Unidos, em Denver, no Colorado, entre os dias 18 e 2o de maio.

Jacinda Ardern está prestes a lançar a autobiografia “A different kind of power: A memoir” (Divulgação)

A cobrança inerente a toda mulher que se torna mãe também esteve presente na rotina de Jacinda. Encarar o papel de “mulher maravilha”, porém, não é tão fácil quanto na ficção. “Senti culpa o tempo todo”, confessa. Jacinda deixa o exemplo de liderança feminina. E afasta estereótipos que insistem em ofuscar o papel da mulher em cargos de liderança. Maternidade, afinal, não impede a mulher de comandar equipes, empresas e países. Seja no governo ou nas empresas, programas de apoio são cada vez mais necessários.

Postura humana
Uma das vozes mais empáticas na pandemia da Covid-19, Jacinda teve a sua imagem marcada pela postura mais humana na política. “Esteja próximo das crises”, recomenda. “Nem sempre há respostas para tudo. O importante é ter um plano. A confiança vem de relações honestas”, ensina. Estar preparado para momentos imprevisíveis é o alerta deixado a partir da situação vivenciada nos atentados às mesquitas de Christchurch em 2019. “Precisa entender o problema para tomar a decisão correta e dar o suporte necessário às pessoas”, adverte.

A habilidade de observar e ouvir as pessoas ajuda a endereçar soluções. “Saber diferenciar decisão de escolha é importante nos tempos difíceis que vivemos atualmente”, pondera Jacinda. Dividir informação é um dos caminhos para sustentar boas decisões. Mas a atenção ao ambiente digital é latente. “Ainda temos muito a fazer para conter os extremismos”, avisa. Já a inteligência artificial (IA) acelera avanços que podem ser encarados com medo ou como “oportunidade para solucionar problemas”, reflete.