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O medo do fracasso e de enfrentar o novo afligem mais da metade dos brasileiros (78%). Ainda assim, medo da violência e medo da ameaça à vida dos filhos são as aflições que mais atingem a população. Esses resultados foram identificados pela FCB Brasil no estudo “Os medos que pairam sobre nós”, realizado em parceria com o Coletivo Tsuru e com a Quantas. O objetivo foi investigar como os medos contemporâneos afligem os brasileiros e quais as formas de lidar com eles. O estudo também mostra como as marcas podem ajudar a lidar com esse sentimento.

Ao todo, foram identificados 48 tipos de medos, organizados em diferentes blocos. ‘Medos primordiais’ são as aflições consideradas socialmente aceitáveis, mostrando que a ameaça aos filhos é a maior delas, atingindo 75% das pessoas. O ‘Ancestral – biológico’, faz parte da natureza humana e se mostra presente para 49% dos participantes. O outro bloco, dos “Medos Contextuais”, ‘Violência’ representa o medo urbano, físico e emocional, atingindo 66%. O ‘Social’, que engloba bulling, traição, racismo, rejeição, etc, é uma realidade para 38%. O ‘individual’ está em 78% e envolve decepcionar pessoas, ser infeliz, fracassar, magoar pessoas e injustiça, por exemplo.

Por outro lado, desses 48 tipos, 13 deles são identificados como ‘medos urbanos digitais’ e atingem 95% das pessoas. A vida online molda as ações e fazem surgir novos medos, denominados pelo estudo como ‘medos na nuvem’, que se subdividem em três expressões de aflições  contemporâneos.

Na “Screen Society”, sociedade do espetáculo, as relações são medidas por telas, em que as pessoas julgam e são julgadas o tempo todo. Essa exposição evidente mostra as inseguranças de forma inédita. Falhar na frente do outro é um grande medo, além de ser, cada vez mais difícil, ser fora do padrão. Nesse grupo também foram identificados alguns comportamentos, como o “Hiper monitoramento” representando que o sucesso está na capacidade de se exibir. A “Artificialidade”, em que as pessoas precisam parecer perfeitas o tempo todo. O “Magnifying Glass”, por sua vez, que mostra que para chamar atenção vale a pena qualquer coisa. O “Poliana 2.0”, com a obrigação de ser feliz o tempo todo.

O “Info Cosmos – Era do acesso” é a segunda tensão classificada e o medo é gerado pela angústia do excesso de possibilidades. O “Scientific room”, dentro dele, mostra a aflição por aquilo que pode acontecer ou ainda o ‘fantasy room’ em que algo impossível se torna possível. No “overloaded”, não se pode perder nada quando está nas telas e o “blur” em que não se enxerga o que é realmente importante.

A terceira expressão de medo é a “Jelly Structure – queda das instituições”, que trata de uma ameaça gigante pela falta de referência concreta. O baixo índice de confiança em relação aos governos faz com que a iniciativa privada se torne a garantia de mudança e segurança. Dentro dessa tensão, novos medos são identificados, como o “mind breaker”, que faz as pessoas não identificarem o espaço que ocupam. “Puppet life”, com a democracia ameaçada pelas opiniões nas redes sociais; o “dead end”, em que não existe uma saída aparente e uma crise de confiança em tudo e em todos.

Papel das marcas

Seis categorias de marcas foram pesquisadas, sendo elas automóveis, bancos, telecom, seguros, internet e cuidados pessoais. Entre os nomes analisados estão Fiat, Honda, Volkswagen, Caixa, Itaú, Vivo, Tim, Net, Porto Seguro, Allianz, HDI, YouTube, Facebook, Google, Dove, Avon, O Boticário, entre outras marcas desses segmentos.

O setor de seguros é a categoria de marcas que menos atua contra o medo, sendo a internet a que se mobiliza mais para oferecer segurança.

Apesar disso, ainda existe um amplo espaço para as marcas trabalharem. De todas as marcas pesquisadas, em todas as categorias o “nenhuma marca” domina a maioria dos atributos. Isso significa que em fatores como “sentir-se protegido”, “coragem para assumir seus erros”, sentir-se único e especial”, “a melhor versão de si mesmo”, “sentir-se poderoso”, entre outras, não possuem a referência de marcas.

A conclusão do relatório afirma que o sentimento de medo, em todas as suas manifestações, estará presente na vida dos consumidores e cabe às marcas ajudar a lidar com isso, se tornando ainda mais relevantes.  

Ao todo, o estudo reúne 2.088 entrevistas online, com população ABC de 13 anos ou mais. A pesquisa também contou com sete especialistas e mais de 50 entrevistas na rua e questionários abertos online com mais de 230 respostas. 

A reportagem completa sobre o estudo “Os medos que pairam sobre nós” estará disponível na versão impressa da próxima segunda-feira (27). 

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