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Nesta terça-feira, 30, o Cinemax do Grupo HBO realizou o Up Front Cinemax 2018. Desenvolvido pela Bullet, o evento promoveu um encontro entre os maiores anunciantes e agências de publicidade do Brasil para apresentar a programação de 2019 do canal. Neste ano, a iniciativa abordou o tema Storytelling, apresentando aos convidados uma aula sobre como contar histórias dada pelo cineasta Bruno Barreto.

O diretor de clássicos como “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e “O Que é Isso Companheiro?” compartilhou experiências sobre processo criativo. PROPMARK esteve presente e enumera abaixo as cinco dicas mais relevantes.

Conte histórias
No começo de sua exposição de ideias (“‘aula’ tem uma conotação meio chata”, segundo o diretor), Barreto perguntou aos presentes o que a gente pede que os pais façam quando nos colocam para dormir? “Contar uma história? Pois é. Essa necessidade não acaba quando viramos adultos”, diz. Na verdade, ela até aumenta, pois, quando adultos, precisamos de algo que nos acalme em nossa rotina atribulada.

“Todas as tribos indígenas tem o storyteller. Se reúnem em volta da fogueira, sentam à noite e ouvem histórias”, reflete. O conteúdo de hoje funciona quase que como um “processo de meditação”.

Um dos cases recentes destacado pelo diretor é o vídeo “Bora Cozinhar Junto”, de Maggi. Aliás, Barreto ficou visivelmente emocionado ao exibir o filme. Veja:

Atenção aos personagens

Segundo o diretor, para que uma história funcione, deve se atentar ao pilar fundamental: os personagens. “Antes da trama, vêm os personagens”, afirma. Quando está trabalhando ao lado dos roteiristas, Barreto, muitas vezes, passa dias falando sobre um personagem. Quem é, o que o define como pessoa e um dos elementos fundamentais é a marca. “Qual o celular que ela usa? Tem carro? Não tem? Isso tudo define o personagem e define quem a gente é”, explica.

Segundo Barreto, um dos exemplos clássicos de personagens importantes na publicidade é o Casal Unibanco:

Tenha apreço pela narrativa

É preciso ter atenção especial à narrativa. Questione-se: por que eu quero contar essa história? E atente-se ao “como”. “A espinha de conteúdo são bons roteiristas. Existe um profundo desprezo na cultura brasileira pela narrativa que tem começo meio e fim”, reclama o diretor. Durante sua passagem na Artplan, Barreto revela que aprendeu muito com Evandro Barreto e Roberto Medina. Lá, a dupla criava narrativas que funcionavam, independentemente do tempo. “Se você tem que contar uma história em 30 segundos, o roteiro é mais importante do que tudo”, afirma.

Um dos clássicos da propaganda, a série de comerciais do café Gold Blend, foi mostrado por Barreto como um bom exemplo de filme curto.

https://youtube.com/watch?v=3vtYRyAUcnM

Esqueça a forma, foque no conteúdo

Foque no roteiro. Sabe aquele take com Drone que você quer fazer? O consumidor não se importa. Ele quer ouvir uma boa história. “A construção da narrativa vinda dos personagens é fundamental pra gente engajar o público. O público não se engaja porque tem um plano de drone. Isso é cosmético. O ser humano se liga no personagem. O resto ajuda, mas não é fundamental”, ressalta.

Para engajar, Barreto reforça que é preciso atenção ao roteiro e relembra o último comercial que dirigiu num filme para American Express:

Não interrompa

A audiência não quer ser interrompida. Se o seu anúncio vai entrar no intervalo de Game of Thrones, por exemplo, ele precisa ter alguma ligação com o tema. Se a sua marca está inserida dentro da série/filme, é bom que tenha contexto para isso.

Barreto destacou alguns cases de product placement efetivos. “Não vou chamar de merchan. Merchan é uma coisa mal feita”, diz. Entre os cases, há um do próprio “Dona Flor”, uma inserção da Caixa Econômica. Aliás, a marca entrou depois, pois a cena já estava prevista na história.https://www.youtube.com/embed/sJiSKfxIEB0

A cobertura completa sobre o Up Front Cinemax 2018 você confere na próxima edição impressa do PROPMARK.