Você sabia que o Brasil, hoje, é considerado o 8º mercado de OTT (Over the Top) no mundo? Segundo pesquisa realizada pela consultora Frost & Sullivan, a demanda OTT, em 2018, deverá aumentar consideravelmente devido ao uso de novas tecnologias. Para se ter uma ideia, em 2013, a receita do mercado de vídeo OTT chegou a marca de US$ 96 milhões, e a projeção para 2018 é que atinja US$ 783 milhões.

Esses números comprovam que o mercado de OTT tem aumentado à medida que o de TV por assinatura tem diminuído. Ainda segundo a pesquisa, a TV paga, por exemplo, apresentou uma queda de 100,9 milhões de domicílios para 97,1 milhões, enquanto o vídeo OTT cresceu de 28 milhões para 50,3 milhões. No Brasil, o cenário não é diferente. O número de assinantes de TV Paga tem diminuído a cada dia por inúmeras razões. Uma delas, segundo a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), é a crise financeira, já que muitos dos assinantes pagam um valor alto por vários canais, que na maioria das vezes, não são assistidos.

Todo esse cenário corrobora para a popularização dos serviços de OTT, que nada mais são que entrega de conteúdo audiovisual e também de outras mídias por meio da internet. Esses serviços oferecem inúmeros benefícios, como a facilidade de acesso, consumo de conteúdo em múltiplas telas, além de um preço mais acessível. Tudo isso sem contar a autonomia que o telespectador tem de parar para assistir somente aquilo que deseja.

Observando esse ciclo, os grandes produtores de conteúdo têm buscado se adequar à realidade, ou seja, investir em serviços via streaming, como é o caso da Globo, que proporciona aos assinantes o GloboPlay e o GlobosatPlay. A Igreja Universal, por exemplo, também passou a investir em conteúdos digitais e lançou o Univer Video, um canal que distribui vídeos cristãos para um público que busca por esse tipo de conteúdo.

Outro exemplo recente é o da Amazon, que anunciou o lançamento de uma série original no Prime Video, serviço de streaming da empresa. Algo parecido também aconteceu com a Fox, que retirou suas séries do Netflix para produzir o próprio serviço de streaming.

Antigamente as pessoas e as empresas que desejavam investir em conteúdo em vídeo, principalmente na internet, tinham como principal canal de distribuição o Youtube. No entanto, a forma de se ganhar dinheiro nessa plataforma está restrita ao número de visualizações ou a veiculação de anúncios. Por meio do OTT, as opções de monetização aumentam e o produtor tem mais domínio sobre o conteúdo. Muito tem se falado sobre as barreiras do mercado, que ao meu ver, estão cada vez menores, o que atrai novos produtores de conteúdo. O valor da produção caiu e a infraestrutura tecnológica está cada vez mais disponível, o que facilita a entrada nesse mercado, além das plataformas que permitem a monetização desses materiais de forma simples e eficaz.

Acredito que adaptar-se a realidade do mercado é fundamental para qualquer negócio que pretende ser inovador. Quando falamos do mercado de vendas e distribuição de conteúdo, por exemplo, o Over The Top é a tendência que deve se firmar pelos próximos anos. E digo mais, acredito que em breve sejamos o primeiro país da América Latina no segmento de OTT.

E aí, vamos observar o crescimento do segmento e começar a apostar as fichas em conteúdo de nicho? É um grande mercado a ser explorado e os resultados podem ser surpreendentes. Pense nisso!

Gustavo Caetano é CEO da Samba Tech