Vários segmentos econômicos tiveram de se adaptar. O bancário, de acordo com estudo consolidado pela Tememos/The Economist, mostra que 66% dos executivos ouvidos acreditam que a inteligência artifical será recorrente no meio até 2025. Na região Latam, a pesquisa esclarece que o modelo de agências bancárias “estará morto” nesse período. Acostumada à inovação, a publicidade ligou o radar imediatamente à chegada da crise.

“Com a obrigatoriedade da transformação digital em todos os setores, o novo normal da tecnologia representa oportunidade de uma melhor gestão operacional em busca de eficiência e produtividade”, explica Jaqueline Travaglin, diretora-geral de operações da Y&R Brasil.

A Y&R está investindo em automatização, capacitação e metodologias ágeis. “A inovação, nesse sentido, será no processo da transformação cultural casada com a transformação processual, deixando para trás antigos costumes com times mais enxutos, multidisciplinares e colaborativos. Atuando de forma mais eficiente e com maior foco na saudabilidade financeira dos projetos e da agência. Para esse formato ser viável a tecnologia é um dos principais pilares, viabilizando a automação e a mensuração dos processos e entregas. Trazendo agilidade e dados para a melhora contínua dos processos operacionais das empresas, gerando conhecimento e capacitação organizacional”, acrescentou a executiva da Y&R.

A interrupção do modelo de negócios ao qual as agências se acostumaram, nas palavras de Marcos Yamamura, diretor de projetos & operações da DPZ&T, sinaliza mudanças, assim como está ocorrendo no consumo e comportamento das pessoas.

“Em vez de olhar para o passado, será fundamental reconstruir o futuro”, pondera Yamamura, que diz mais. “Criamos uma cultura de gestão com ferramentas ágeis de workflow customizadas que visam planejamento, visibilidade, controle e colaboração entre os times e, principalmente, nos permite realizar mudanças de rota em tempo real. O fluxo organizacional dessas ferramentas gera uma massa de dados histórica que garante obtenção de diagnósticos, insights e feedbacks tanto para as decisões do dia a dia como para evoluirmos continuamente com nossa operação. Assim, é possível atuar de maneira preditiva em relação à alocação futura de recursos, redução de custos de terceiros, identificação de gargalos e estimativa de despesas X receitas, além de focar na rentabilidade. Tudo isso protege o nosso negócio e o de nossos clientes, que, por sua vez, têm uma entrega com mais agilidade e qualidade.”

Qual é o novo normal da tecnologia que orienta processos e projetos de inovação? Quem responde é Ale Alves, CEO da agência CL. “Um exemplo desse novo comportamento foi a campanha que acabamos de lançar para o projeto Coral Vivo, inspirado no Mês do Meio Ambiente. Foram duas semanas para colocar um projeto de 30 dias no ar. O que antes tomaria um tempo grande da agência e do cliente foi resolvido na metade do tempo e com uma equipe reduzida.”

Por outro lado, segundo Alex Espinosa, sócio e head de estratégia, inovação e pesquisa da CBA B+G, a tecnologia vai continuar sendo facilitadora de processos. “Graças a ela, hoje usamos sete ferramentas diferentes, que vão do streaming e plataformas de cocriação à inteligência artificial para desenvolver estratégia, criação e até implementação de projetos de inovação. Isso se intensifica ainda mais no momento que estamos, com a necessidade de distanciamento social. Graças às diferentes ferramentas e opções trazidas pela tecnologia, processos que antes eram obrigatoriamente presenciais e físicos puderam ser recriados e adaptados ao universo digital tendo resultados semelhantes – e às vezes até superiores”, destaca Espinoza.

Os aprendizados nesse primeiro semestre de 2020 já são catalisadores. A aderência à tecnologia interferiu na forma de se relacionar e trabalhar.
“Muitas empresas estão revendo seus modelos de negócio, seus produtos e suas estratégias para se manterem ativas. É interessante ver empresas antes ‘não tão digitais’ buscando soluções de automação, data analytics e adotando princípios ágeis para se reinventar. Como essa energia de mudança tem de ser muito bem direcionada para evitar o gasto desnecessário de esforço e acelerar o time to market destes novos produtos, estas iniciativas precisam ser muito bem embasadas em dados e validadas por processos e metodologias que ajudem a definir melhor os caminhos que esse produto precisam seguir para terem sucesso”, esclarece Felipe Rodrigues, diretor de design e desenvolvimento da Wunderman Thompson.

O universo do novo normal pelo viés tecnológico pode ser medido pela adesão de pessoas nunca expostas à internet. Por exemplo, para receber benefícios do governo, foi acelerada a adesão ao aplicativo da Caixa. A inclusão digital, porém, será necessária no Brasil. Por isso mesmo, a pesquisa da Tememos/The Economist enfatiza que o caminho dos bancos rumo à tecnologia é natural.

Nas agências, como na AlmapBBDO, também. “Estamos tendo acesso a mais novidades e trocando ainda mais experiências com escritórios da rede BBDO, com produtoras, veículos e clientes. Na AlmapBBDO, a inovação precisa estar a serviço da criatividade e de resultados. Estamos evoluindo projetos relacionados a assistente de voz; inteligência de produção; ferramentas de automação para gerar grande escala e personalização nas entregas de comunicação digital. Quanto mais ágeis conseguimos ser em testes e aprendizados, mais otimizamos os resultados. Criatividade é buscar inovação em tudo”, finaliza Rodrigo Falcão, diretor de produção digital da AlmapBBDO.