Na semana passada, o Cannes Lions Roadshow passou por Marília. A convite do Univem lá estive para apresentar as tendências e os insights gerados no maior festival do mundo, ilustrando com videocases de campanhas vencedoras de Grand Prix do Cannes Lions 2019.

A iniciativa do convite foi da professora Roberta Brondani, que está à frente da nova Escola de Economia Criativa, que oferece cursos de design gráfico, design de mídias digitais e publicidade e propaganda.

Não hesitamos em aceitar o convite, até porque a Fenapro entende a importância de uma aproximação com a academia, como forma de contribuir com a geração de novos talentos para o ecossistema da propaganda. Até o fim de 2019, serão 16 apresentações pelo Brasil, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul.

Além de profissionais experientes, temos tido estudantes e professores na plateia, o que muito nos alegra. Mas o que me levou a escrever este artigo foi a reflexão sobre a função do professor nesses novos tempos.

Muito mais do que simplesmente passar conhecimento e seguir fielmente um conteúdo programático, cabe ao novo professor atuar como um curador, animador e influenciador. Isso ficou ainda mais evidente quando a incansável professora Roberta, a menos de dez dias para minha palestra, propõe a criação de um concurso para seus alunos de design gráfico.

Aproveitando o ambiente de exibição de prêmios do maior festival de criatividade do mundo, ela cria O Univem Criativa Festival e instiga os estudantes a criar cartazes sob o tema de Transformação Digital. E no dia da minha apresentação, lá estavam oito trabalhos inscritos para julgarmos.

Foi criado um júri, do qual participei, reunindo publicitários e designers da cidade. Foram trabalhos ainda imaturos – afinal, os alunos estão ainda no primeiro ano de design gráfico –, mas a qualidade foi surpreendente, levando-se em conta o pouco tempo (praticamente uma semana) que tiveram para a elaboração. Para realizar o Univem Criativa Festival, a professora Roberta contou com os alunos, que participaram ativamente da organização, inclusive da apresentação.

O mestre de cerimônias, ele mesmo um estudante, parecia um profissional com seu jeito de animador de auditório. Foram também alunos que criaram a logomarca do festival e o troféu para os vencedores do concurso de cartazes.

Tudo feito como deve ser nos dias de hoje: muita agilidade, colaboração e entusiasmo. O resultado foi um belo evento. Isso tudo foi inspirador para este artigo.

Mas o mais importante é o questionamento sobre o papel do professor nesses novos tempos. Ir para frente da sala de aula e despejar conteúdo aos alunos é pouco para os dias de hoje.

Até porque conteúdo de qualidade é o que não falta ao aluno, que o acessa tudo em um clique. É claro que o professor deve seguir um conteúdo programático, mas é de vital importância que esteja antenado e tenha a iniciativa de pedir colaboração do mercado para rechear suas aulas com exemplos e cases inovadores, capazes de ilustrar melhor do que qualquer teoria.

O mundo atravessa um período Vuca (Volatility/Volatilidade; Uncertanty/Incerteza; Complexity/Complexidade e Ambiguity/Ambiguidade) e nenhum professor pode se considerar senhor da razão ou detentor de todo o conhecimento.

Até porque – principalmente na economia criativa – tudo é efêmero, com um processo de inovação que acontece em ciclos cada vez mais curtos. Quando achamos que temos todas as respostas, vêm uns chatos e mudam as perguntas…

Ao novo professor cabe muito mais ter sempre um radar ligado, cumprindo a função de um curador e facilitador de acesso a conteúdo.

E, principalmente, ter disposição e inciativa para identificar oportunidades de estimular seus alunos com atividades especiais. A professora Roberta parece que entende muito bem essa nova função.

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)