A Microsoft tem poder de voz, mas agora precisa dar espaço de fala para quem precisa
A Microsoft montou uma lista com cerca de 60 fornecedores de serviços sustentáveis de marketing. Disponível para compartilhamento, a relação traz empreendedores locais para produção do café distribuído em intervalos de eventos corporativos, montadoras de estandes que já trabalham com matéria-prima mais leve para incluir força de trabalho feminina, negócios que operam na economia circular para entregar a correta destinação de resíduos, além de mão-de-obra inclusiva como a Galera do Clique, que treina e emprega fotógrafos com síndrome de Down.
“O mapeamento começou em maio, a partir do desconforto que vivenciei em um evento. Transformei o meu incômodo em um convite. Não é sobre crítica, revolta ou culpa. É sobre atitude”, esclarece Luciana Lancerotti, CMO da Microsoft.
Tapetes e plantas já foram doados para instituições, comunidades de costureiras confeccionaram camisetas com algodão sustentável, canecas de cerâmica feitas com resto de plástico presentearam parceiros, e potes de degustação de mel produzido no interior de São Paulo surpreenderam convidados de evento. Luciana percebeu que a receptividade é positiva, mas muitas empresas relatam a dificuldade de achar trabalhadores compatíveis com a cadeia sustentável.
Novas soluções foram pensadas até para os momentos que exigem mais sofisticação. “Demos um vinho, que foi eleito o mais sustentável do mundo. A Microsoft tem poder de voz, mas agora precisa dar espaço de fala para quem precisa”, diz Luciana. Wunderman Thompson, Dentsu, Oliver e Marcom, além das empresas de eventos TM1, Motivare, Popi e Living Brands, já adediram ao projeto liderado por Luciana.
Cada agência tem um representante designado para alimentar o catálogo com fornecedores previamente testados, consolidando um esforço colaborativo. Baseado nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), o programa está dividido entre as áreas de proteção direta ao meio ambiente, redução de desigualdade, desenvolvimento humano, consumo e produção responsável.
Para facilitar, a lista está categorizada por setor, incluindo alimentos, bebidas e transporte, entre outros. “Já dobramos o volume de fornecedores desde o início do projeto”, conta Luciana. Um deles, ajudou a Microsoft a encontrar um parceiro que conseguiu transformar mais de 200 metros quadrados de madeira certificada, utilizada em um evento, em serragem e, por fim, em energia.
Hoje, para ter a Microsoft como patrocinadora, o evento tem de dar espaço para que a marca fale sobre ESG (Meio Ambiente, Social e Governança) na prática do marketing. A companhia também busca entender a estruturação de espaços, influenciando a própria cadeia da organização. O modelo de amadurecimento é contínuo e faz parte da jornada de transformação não só das empresas, mas dos valores individuais de executivos que atuam nas mais diversas frentes de trabalho da indústria da comunicação.