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A PwC lançou na manhã desta quarta-feira (6) a 19ª edição de sua Pesquisa Global de Entretenimento e mídia 2018-2022, que faz reflexões sobre o futuro de um setor que deve movimentar, em 2022, US$ 2,4 trilhões no mundo, o que representa um crescimento de 26% em relação aos números atuais, de US$ 1,9 trilhão (2017). Apontar de onde virá esse crescimento e para onde irá esse novo dinheiro é um dos objetivos do estudo.

A grande tendência que pautará a mídia e o entretenimento nos próximos anos é a convergência em suas diversas faces, sejam elas de mídia, de negócios ou geográficas. A conexão entre diferentes players do setor, seja através de parcerias ou mesmo fusões e aquisições também surge como fator irredutível para quem quiser sobreviver nesse mercado. E a circulação de informação de fontes confiáveis também se torna mais importante.

“Vivemos em uma economia dinâmica, em que é difícil prever o que virá. Mas uma certeza é a digitalização e o mobile que devem crescer conforme se resolve o gargalo de acesso à internet no Brasil”, afirma Carlos Giusti, sócio da PwC Brasil. Em 2022, a internet móvel será acessada por 82% dos brasileiros, levando conectividade a todas as classes sociais. Sendo que 70% desse acesso se dará em altas velocidades, na carona dos investimentos que players da mídia e telcos farão no período.

O Brasil continuará sendo, em 2022, a 9ª maior indústria mundial de mídia e entretenimento, mas com a curiosidade de ser a 4ª maior potência em publicidade na TV. Esse cenário não tende a mudar. Porém, o digital deve dobrar em cinco anos, seja no consumo da mídia online, seja na publicidade nesses meios.

Nesse cenário, o conceito de convergência se refletirá em diversos pilares. O primeiro deles é do acesso. Com o 5G, prometido para 2021 em mercados mais maduros, a conexão se dará de forma muito mais profunda. Será possível dar uma ordem para sua geladeira conectada à distância, como exemplifica Giusti. Outro pilar é o da mídia: serão rompidas barreiras sobre quem é o distribuidor, promotor ou agente do conteúdo. Há também o pilar geográfico, já que redes como o Facebook tornam mais fácil que ideias e conteúdos se espalhem.

Mas o mais interessante dos pilares é o de negócios. A que indústria uma empresa vai pertencer? E, principalmente, elas vão precisar estabelecer conexões com outros players para poder dar conta de estar disponível ao consumidor 24 horas por dia. “Acordos como de Netflix e Vivo, ou Santander e GlobosatPlay nos leva a questionar em que indústria realmente estamos”, afirma Giusti, que dá um ótimo exemplo sobre convergência de negócios: Starbucks. “Eles se tornaram a maior plataforma de pagamento móvel do mundo, acessível a 23 milhões de pessoas. Sendo que são 15 milhões os clientes fiéis ao produto no mundo. Será que eles são só uma cafeteria? Mesmo o UOL é um bom exemplo de quem, de veículo, se transformou em fin tech”, explica.

Em geral, nesse novo cenário, as empresas da mídia e entretenimento precisam se preocupar em manter conexões mais robustas com seus consumidores mais fiéis e com aderência de propósito e valor. É nesse cenário que se evita problemas como o das fake news, por exemplo. Também precisam estar associadas a novas fontes de receitas, com foco nos clientes de maior valor agregado.

Giusti diz que a mídia impressa deve manter o patamar de leitura atual nos próximos cinco anos. “Dá para dizer que, após quedas sucessivas no consumo, ela se estabilizou. Esse é o novo patamar desse setor”, analisa. A publicidade, no entanto, tende a seguir caindo caso esses veículos não se vejam como plataformas com espaço no digital e com profunda conexão com o consumidor.

Outros segmentos destacados por Giusti são o de TV paga, que pode sofrer redução para os serviços de OTT (Netflix e similares) e até o bom e velho cinema. Na música, o streaming vai predominar, ao lado da música ao vivo. “O cinema e os shows continuam em alta, o que mostra o valor da experiência”, diz Giusti.