Vitão iniciou a carreira artística com 16 anos. Atualmente, aos 23, o artista começa a dar seus primeiros passos na publicidade de forma constante
A música e a publicidade têm muito em comum. Elas têm o poder de levar o público para lugares, momentos, sentir emoções, reviver lembranças e, além disso, ambas são arte em sua essência.
Não é à toa que as marcas estejam sempre em busca de artistas para estrelarem suas peças e tem um nome que passou a se tornar cada vez mais comuns nas tradicionais "publis". Vitão.
Victor Carvalho Ferreira, ou simplesmente Vitão, é um cantor paulistano de 23 anos e que tem conquistado o cenário da música e publicitário. Com sete anos de carreira, o artista já se apresentou em alguns dos mais importantes palcos nacionais, como o Rock in Rio, e cantou ao lado de artistas de renome, como Anitta.
Apesar de ser um leão do cenário musical, uma total referência aos cachos do cantor, na publicidade o artista ainda engatinha, mas em constante crescimento.
"Foi saudável eu não ter flertado muito com marcas nos primeiros ano, ter um momento mais resguardado, pensando somente em música e me posicionamento apenas musicalmente e artisticamente, para que depois eu pudesse ter um posicionamento mercadológico diferente", afirmou Vitão.
Com uma entrada tímida, 2022 foi um ano em que os fãs puderam acompanhar a evolução de Vitão com as marcas de forma mais constante. Com campanhas para Havaianas, Coca-Cola, Ray Ban, Quem Disse, Berenice?, o artista preza por trabalhar ao lado de marcas que conversem com o que ele acredita: a liberdade em seu lugar saudável.
Ao PROPMARK, Vitão conta sobre seu início de carreira, sua relação com causas ambientais e sua entrada na publicidade.
Como começou a tua relação com a música e com a arte, em um geral?
Desde criança a minha vida sempre foi bastante pulverizada por música de muitos ritmos e estilos por conta dos meus pais, principalmente, porque eles se conheceram a partir da música, dançando, isso veio muito com eles como casal, e passou muito para mim e para o meu irmão. Uma vida rodeada de musicalidade. Então meu início de relação com a música foi a partir da minha base familiar musical e cultural. Certas coisas na pré-adolescência eu não gostava, pela ignorância da infância, por talvez não ter ouvido para isso, mas depois acabei de apaixonando e fui aprendendo a ouvir e a gostar. Aprendi a tocar violão com um que meu pai comprou por uns 60 reais, que tinha algumas cortas faltando. Eu comecei a pegar esse violão quando era pequeno, criança mesmo e tocar sozinho, tirava de ouvido as músicas que meus pais escutavam.. E surgiu assim meu gosto pela música. Comecei a me identificar com o que eu ouvia, e traduzir aquilo para o violão com 7 ou 8 anos. A partir disso, meus pais perceberam que eu queria estudar música, que era o que eu queria fazer mesmo ainda moleque e começaram a me proporcionar isso. Estudei em uma escola que tinha um lado artístico muito aflorado, sempre incentivando os alunos. Quando eu comecei a realmente estudar guitarra e violão, eu já sabia que era isso que eu queria fazer da vida. Eu já estava compondo algumas coisas, tocava, mas eu só comecei a cantar com uns 14 anos, graças a uma peça de teatro que eu fiz na escola. A partir desse momento eu já sabia que queria viver da música, mas também como um comunicador da voz, cantando, colocando palavras na música, não só como instrumentista. Sempre fui muito apaixonado pela música, nunca vi outra função na terra para mim a não ser a música, na arte como um todo.
Para você, qual foi o momento de virada da sua carreira?
Foram muitos momentos, mas eu coloco alguns lançamentos de música que me trouxeram essa sensação. Acho que a primeira foi quando eu ainda fazia cover no Youtube, tocava no violão as músicas que eu gostava e fazia vídeos. Aí teve um dia que um cara me reconheceu na academia. Falou que já tinha visto vídeo meu e aquilo para mim foi muito doido, porque foi o primeiro momento que eu percebi o mínimo detalhe de um reconhecimento que eu estava tendo a partir da minha música, a partir do meu trabalho. Foi um dia muito especial, fiz um super post no Facebook na época, todo feliz que tinha sido reconhecido pela primeira vez. Outro grande momento foi com a música “Embrasa”, com o Lucas Carlos, que foi uma música que começou a andar muito organicamente, começou a tocar em rádio, as pessoas começaram a me reconhecer nos lugares, comecei a fazer vários shows. Depois com o meu primeiro EP, e com “Café”, uma música solo, ali vi o reconhecimento aumentando, e me deu a sensação de virada exatamente por ser uma música solo, que toca até hoje nas rádios. E aí veio “Complicado” com a Anitta, que foi uma outra esfera de reconhecimento a nível de Brasil e até um início de reconhecimento internacional, porque foi exatamente nesse momento que o Russ, um artista que recentemente lançou comigo a faixa “Quando”, que tá em super crescimento nos Estados Unidos, e a nível mundial também, um cara muito poderoso na música, grande produtor, compositor, musicista, que eu já tinha mandado várias mensagens pra ele como fã, de querer fazer coisa junto e tal, ai quando saiu “Complicado”, ele viu as mensagens, disse que ouviu a música e gostou, e a partir disso começamos um diálogo que se desenrolou até o que temos hoje, que é uma música juntos. Até hoje sigo tendo essa sensação em momentos diferentes. É uma construção, uma caminhada.
Você está na estrada já tem alguns anos, mas só começamos a ver o seu rosto relacionado a marcas recentemente. Como começou a sua relação com as marcas?
Minha relação com marcas começou a partir do momento que eu comecei a colocar um pouco mais de opiniões minhas sobre um contexto social. Quando eu comecei a me posicionar um pouco mais. No momento que eu comecei a me arriscar mais, no quesito posicionamento para o mundo, o que penso e coisas do tipo. E eu acho que muitas marcas acabaram se identificando com isso pelo fato de eu falar muito fortemente sobre liberdade. A minha fala primária basicamente em relação a tudo é de liberdade, da liberdade em seu lugar saudável. De ser e existir da forma que a gente tem vontade. Então a partir do momento que eu confiei nas marcas e elas começaram a confiar em quem eu sou, a nossa relação começou a se estreitar, um apoiando os valores do outro.
Você acha que as marcas tinham alguma resistência em trabalhar contigo?
Não sei se era uma resistência. Acho que o início do meu trabalho, as pessoas que trabalhavam comigo na época não eram muito direcionados para isso. Sempre foi muito direcionado para música e para a arte. E foi até saudável nos primeiros anos eu não ter flertado muito com marcas, ter deixado isso para depois para que eu tivesse um crescimento artístico. Foi saudável ter um momento mais resguardado e pensando somente em música e me posicionamento apenas musicalmente e artisticamente, para que depois eu pudesse ter um posicionamento mercadológico diferente, me associando a marcas e me posicionando através delas. Agora, eu e as pessoas que trabalham comigo, nos propusemos mais a jogar nesse campo da publicidade, das marcas e isso vem acontecendo de uma maneira muito rápida e muito firme. Até porque é um mercado que vem crescendo muito. As marcas estão cada vez mais em festivais, se associando cada vez mais com a música, e se abrindo. Eu sempre quis aliar meu artístico com o marketing, compor música de jingle, por exemplo, então quando eu comecei a trabalhar com a K2L, a gente conversou sobre isso, sobre eu conseguir unir minha arte e a melhor forma que eu tenho de me expressar com o mercado.
Você é um artista muito envolvido com todo o processo da sua arte. Isso também se reflete quando o assunto são as marcas?
Sim, a forma como eu me comunico para o mundo sempre tem que estar muito
alinhada comigo, porque sou eu que vou dar a cara a tapa no fim das contas. Então, tenho me colocado cada vez mais à frente e lado a lado das pessoas que trabalham comigo. Me envolvo na estética das roupas que eu visto, no que vou passar, e isso também em relação as marcas, estou sempre à par do que estão negociando, quero testar os produtos antes de divulgar para ver se de fato eu concordo com o que está sendo vendido, se faz sentido ou não eu estar aliada a determinada marca, como roteirizar uma publicidade de uma maneira que seja verdadeiro para mim. Acontece às vezes também do escopo da publicidade já estar muito alinhadas com o que eu gostaria e penso. Mas em muitos momentos é importante lapidar e estar sempre muito presente nesse processo, para traduzir o que eu acredito.
Hoje você conta com algumas marcas no teu portfólio. Qual foi a primeira marca que te procurou e qual era o trabalho?
Foi uma live, que lembro com muito carinho dela porque era junto com o Fábio Porchat e os outros artistas, falando sobre um novo lançamento da Fiat. Uma outra que foi uma das primeiras e mais reconhecidas como publicidade, foi uma publi que eu fiz para para Jean Paul Gaultier, de perfume. Outra muito especial foi a da Havaianas, que foi inspirada em um clipe meu no Rio de Janeiro. Foi uma publi com muita verdade e que trouxe a coisa do brasileiro muito forte em sua essência. Rostos brasileiros e diversidade. Pele preta, gente bonita, sol, praia... Muitas coisas que eu vivo, que eu sinto. Foi um trabalho muito genuíno, que fez muito sentido para mim.
Você é uma pessoa muito ligado a causas sociais, especialmente nas indígenas. Você acha que isso influencia na tua relação com as marcas? Talvez sim. Eu acho que é interessante para as marcas estarem ligadas a pessoas que falam sobre assuntos importantes. Antes das marcas, eu passei a fazer parte da brigada digital do Greenpeace, por exemplo, então é um terreno que eu estou começando a desbravar no último ano e meio, de falar sobre coisas que também flertam muito com a política, com causas sociais e com causas ambientais, principalmente, que eu acho que é muito grandioso. São coisas que andam muito lado a lado. E olhando através das marcas, estar filiadas a artistas que se envolvem nesses temas, se posicionam dessa maneira, faz sentido e agrega valor. Traz uma importância para as marcas e para quem fala. Eu me posiciono da maneira que eu acredito, naturalmente atraio as marcas que concordam com o meu posicionamento, e a gente fortalece uma ideia juntos, a gente soma para um objetivo maior. Para mim, o importante é falar sobre essas questões de forma que a gente consiga alguma mudança efetiva no mundo, mesmo que aos poucos.
O que você leva em consideração na hora de fechar uma parceria com
alguma marca/empresa?
Primeiramente, que aquilo faça sentido para mim em relação ao que eu penso,
acredito e na maneira como eu vivo. Não adianta eu me ligar a algo que não tem nada a ver com a minha forma de ser, de me vestir, de me portar e pensar. E depois, ser algo que eu consiga de alguma maneira ligar a minha arte. Que eu consiga ser um artista falando sobre aquilo, e não uma pessoa famosa falando. Faz muita diferença para mim que as marcas vejam que eu sou um artista usando a minha arte. O discurso da marca pesa muito também. Se for uma marca, independente de tamanho, que está envolvida com algum escândalo de meio ambiente, por exemplo, eu não vou me associar porque vai completamente contra tudo que eu acredito. A minha equipe já sabe e eles analisam muito isso até mesmo antes de me venderem a ideia. Se o discurso da marca e o posicionamento deles conversam comigo. Tem que ter sempre uma conexão entre o Vitão artista e a marca.
Das publicidades que você já fez, qual foi você mais gostou?
É difícil escolher, sempre fui muito acolhido e bem representado através das marcas que me uni de alguma forma. Mas acho que a da Havaianas foi um trabalho que trouxe muitas coisas para o meu pessoal também, como os amigos. Teve um ensaio em uma comunidade no Rio, me tirou da zona de conforto, com uma equipe gigante, foi muito intenso e de muitos ganhos pessoais. Teve também a da Quem Disse Berenice, que nossa, me apoiou, me deixou falar do meu jeito, totalmente a vontade, foi muito legal de fazer também. Além da Coca-Cola, que me levou para o Rock In Rio, envolveu diretamente a minha música, com um show no maior festival de música do Brasil e me levaram para o México. Impossível não lembrar deles como uma das melhores publicidades até hoje.
Como você se enxerga como marca?
Me enxergo como uma marca marcante, de uma pessoa que fez coisas marcantes para sua vida pessoal como indivíduo e a partir disso marcante para o público também. Uma marca altamente musical e artística, que flui primeiramente a partir da arte, antes de qualquer assunto. Onde a arte fala muito mais alto que o dinheiro, que o mercado. E vejo até de uma forma anarquista, não se vende de forma falsa, que só se vende quando faz sentido artisticamente e de maneira humana.