Em reunião nesta quinta-feira (17), entidade dos anunciantes reelegeu diretoria para um novo mandato de dois anos
Nelcina Tropardi foi reeleita para mais dois anos de mandato à frente da presidência da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes). A eleição aconteceu nesta quinta-feira (17) durante reunião de diretoria da entidade.
Em entrevista exclusiva ao PROPMARK, Nelcina falou sobre os planos para o novo mandato na entidade, o movimento de boas práticas no mercado publicitário, além de uma possível volta da ABA ao Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão) – a associação se desligou do Cenp em janeiro do ano passado, após deliberação da diretoria nacional.
Quais serão os pilares estratégicos da sua gestão nesses próximos dois anos à frente da ABA?
Essa gestão será marcada pelos desafios da contemporaneidade, sendo um deles, o modelo de trabalho híbrido. Virtual e presencial juntos não é mais um efeito temporário, seja para o trabalho ou para a realização de eventos. E essa realidade tem um impacto importante na vida de uma associação, isto é, como seguir sendo um ponto de suporte e contato para os associados no presencial e no virtual. De qualquer forma, não podemos retroceder, temos que reaprender a trabalhar nessa nova dinâmica. Vamos enfrentar desafios, sim! Mas, vamos seguir apoiando as nossas associadas nos principais impasses desse novo modelo. Será preciso rever o papel da liderança, aprender a dar autonomia e liberdade no trabalho remoto, buscar novas habilidades e novos indicadores de produtividade, ter cuidado com a saúde mental dos colaboradores, saber se comunicar de forma eficiente, sem ruídos para engajar os colaboradores, trabalhar para que não haja perda de pertencimento com o home office, reforçando o propósito do escritório em promover conexão entre as pessoas, e entender como não perder talentos com o retorno aos prédios corporativos.
A ABA realizou muitos eventos virtuais durante a pandemia e agora, com o retorno ao presencial, a entidade continuará apostando em eventos híbridos?
No que tange aos eventos híbridos, acredito que só temos a ganhar. Como ainda vivemos um cenário de incertezas com a pandemia, esse modelo é a melhor solução para realização de eventos e amplifica o alcance com a participação de mais pessoas, de todos os lugares do mundo, de forma virtual. Por outro lado, quando for possível a participação nos eventos presenciais, as pessoas desfrutarão de conversas mais aprofundadas, promovendo aquele networking que faz toda a diferença para a evolução das jornadas. Para a realização desses eventos presenciais, todos devem continuar seguindo os protocolos de segurança para a prevenção à Covid-19, como aferição de temperatura na entrada, uso de máscaras e disponibilização de álcool gel em todo o espaço do evento, além de redução do número de participantes. É preciso ter uma equipe de gestão atuando nos eventos presenciais com foco em garantir o controle dos fluxos do público e o cumprimento das medidas.
No ano passado, a ABA liderou o movimento de boas práticas do mercado publicitário. Agora, quais serão os próximos passos?
Neste ano, focaremos na implementação deste Guia, tão importante para a evolução do marketing, seguindo com o constante diálogo aberto com o mercado e com nossos Grupos de Trabalho (GTs) ativos. Sobre as pautas das iniciativas da ABA, nessa gestão atuaremos em temas que também pautam a WFA (World Federation of Advertisers), entidade à qual a ABA é filiada e segue uma agenda conjunta, e que são necessárias para a evolução do nosso mercado diante os desafios da sociedade contemporânea e dos novos modelos de negócios e conexões, com destaque para Brand Safety, tema este que a ABA já vem atuando de forma pioneira, com o lançamento em 2021 do “Guia dos Padrões de Brand Safety+ Estrutura de Adequação”.
Na reunião de diretoria desta quinta-feira (17) na ABA, vocês abriram espaço para o Cenp apresentar seus movimentos. Isso significa que a ABA está voltando para a entidade?
Convidamos Luiz Lara e Silvio Genesini para apresentarem seus planos para o novo Cenp a fim de que possamos acompanhar de perto essas importantes movimentações. A participação deles nesta Reunião de Diretoria da ABA não significa que estamos voltando para o Cenp. Ela representa a continuidade do diálogo que temos mantido com a nova Gestão do Cenp para acompanhar sua evolução efetiva. A ABA poderá, sim, futuramente avaliar seu retorno ao Cenp, o que dependerá dos próximos passos do órgão em sua restruturação.
Esta nova gestão tem mais mulheres ou homens? E quantos líderes desta nova gestão são oriundos do marketing ou de relações institucionais ou das áreas jurídicas das associadas?
A nova gestão é formada por 63% de mulheres e 37% de homens. Dos 63 membros da nova gestão, 71% são oriundos do marketing, 16% de relações institucionais e 13% das áreas jurídicas.
Como a ABA está tratando o Brand Safety?
A ABA segue alinhada com a agenda da WFA que vem tratando este tema como prioritário desde o ano passado para apoiar as marcas diante dos desafios contemporâneos da sociedade, impactados pela transformação digital, evolução da mídia e novas conexões. Em 2021, a ABA participou dos debates do GARM (Global Alliance for Responsible Media), aliança da WFA, que reúne diversos agentes do mercado em prol da mídia responsável, por meio de seu Comitê de Mídia. Fomos destaque na newsletter global da WFA, divulgada em 18 de maio de 2021, por ser o Brasil o primeiro país a ter articulado localmente o movimento GARM com iniciativas que se tornaram benchmark global entre as demais associações de anunciantes nacionais, além de mantermos um diálogo perene no mercado brasileiro, por meio do qual são trocadas experiências e ideias sobre as melhores práticas nessa seara.
Quais as frentes de advocacy que a ABA tem trabalhado?
Neste biênio, de 2020 e 2021, a ABA atuou em mais de 110 frentes de Advocacy, contribuiu com 8 Consultas Públicas, manifestando-se por meio de 14 diferentes posicionamentos sobre variados temas, exercendo seu protagonismo colaborativo e compartilhando com seus associados cerca de 160 newsletters semanais com atualizações da atividade legislativa em Brasília. A Entidade exerce um papel fundamental na defesa do marketing responsável e da liberdade de expressão, que são pilares fundamentais que defendemos arduamente, de forma que continuaremos atuando em importantes frentes para promover a mais efetiva defesa dos interesses comuns dos anunciantes, qual seja a liberdade de expressão comercial, junto aos principais stakeholders do nosso mercado, sejam eles autoridades constituídas, órgãos públicos ou representantes da sociedade civil. O tolhimento da liberdade de comunicação, intrínseco a alguns projetos de lei e iniciativas do Poder Público, reduz o nível de investimentos, acarreta perdas monetárias associadas à restrição de oferta e aumento de preços para publicidade, insegurança jurídica e aumento de litígios e judicialização. A atuação da ABA implica em menos regulação e menor risco de judicialização, defendendo o arcabouço jurídico já existente e a autorregulamentação como garantias suficientes da defesa da publicidade ética e responsável. Dessa forma, o forte impacto positivo na economia brasileira é um dos principais resultados do trabalho de Advocacy da ABA.