Plataforma contratou advogado para processar a si mesma e gerar debate nacional sobre censura
A Netflix, em parceria com a agência Sancho BBDO, desenvolveu uma ação de marketing para o lançamento da série colombiana ‘Medusa’, disponível desde março na plataforma.
A estratégia incluiu a contratação do advogado Abelardo de la Espriella para anunciar publicamente uma ação judicial contra a própria Netflix, sob o argumento de que a série prejudicaria a imagem de uma influente família de Barranquilla.
O conteúdo da série, centrado em uma CEO que investiga uma tentativa de assassinato dentro da própria família, provocou comparações com o clã Char, grupo com presença política e empresarial na Colômbia.
A associação entre ficção e realidade gerou especulação nas redes e na imprensa local, o que impulsionou a visibilidade da produção.
Durante a ação, Abelardo, conhecido por defender figuras como o ex-presidente Álvaro Uribe e o jogador James Rodríguez, afirmou que entraria com um processo contra a série.
Além de seu histórico de casos de alto perfil, ele também representa a família Char e anunciou recentemente sua pré-candidatura à presidência da Colômbia em 2026 — o que potencializou o debate.
De acordo com o vídeo institucional da Sancho BBDO, a ação resultou em mais de 3 milhões de menções nas redes sociais. A série ocupou o primeiro lugar no ranking global de produções de língua não inglesa da Netflix na semana de estreia.
Também houve crescimento de 250% nas buscas por Medusa no Google na Colômbia nos primeiros dias. O nome de Abelardo permaneceu entre os temas mais comentados no X (ex-Twitter) por duas semanas.
Posteriormente, foi revelado que todo o episódio fazia parte de uma campanha estruturada. O roteiro das publicações, a linguagem adotada e o cronograma da suposta controvérsia foram planejados em conjunto pela agência e pelo advogado. A narrativa foi executada com o objetivo de fomentar a discussão pública e ampliar o alcance da produção.
O vídeo institucional divulgado pela Sancho BBDO descreve a ação como parte de uma série chamada ‘self banned’ e afirma: “Sim, eles processaram a si mesmos. Parece loucura, mas funcionou.”