No que depender daquela velha máxima: “quem canta seus males espanta”, Alexandre Costa, presidente da Cacau Show, está bem resguardado. A música o acompanha desde garotinho. Ora estava ás voltas com ela nos almoços em família quando sempre rolava um samba, ora cantando com sua própria banda. Aos 15 anos já tinha uma – ao todo foram três, sempre com o rock nacional como repertório. Atualmente no comando da Cacau Show, a banda é formada por executivos da empresa, com participação especial nos eventos da casa.

Há 28 anos Alexandre toca guitarra e canta. A música se destaca entre seus hobbies, que são  mergulhar e cozinhar para os amigos. “Eu trabalho demais e tenho pouco tempo para hobby. Mas para quem dirige um negócio com sete mil vidas, sair um pouco da racionalidade é sempre um convite muito especial para encontrar uma nuvenzinha de inspiração e poder relaxar. Faz a gente viajar, trabalhar com sentidos menos racionais”, diz.  A música tem sido pano de fundo em suas relações. Herdou do pai, passou ao filho (14) que já toca bateria e violão, as duas filhas menores também estão aprendendo o instrumento. Inclusive, mantém um estúdio em casa. No trabalho não é diferente, a banda Cacau Show já é oficial na convenção anual das vendedoras. O mesmo acontece no Chocotour, evento em que o empresário leva 44 franqueados à Bélgica para visitar a fábrica e o museu de chocolate. Desde a primeira viagem (está na sétima), a música se faz presente. “Imagine convencer um motorista alemão a dar ré e parar no acostamento para que eu pudesse comprar um violão”, conta. Atualmente quando entra em contato para agendar a visita ao país é cobrado para não esquecer o instrumento. “Certa vez, em Bruxelas, tocando no meio da praça, o pessoal começou a jogar dinheiro. Vira uma festa. Ninguém acredita que é o presidente da companhia ali no meio da galera. A música é um baita lubrificante das relações”.

E o presidente da Cacau Show também já tocou com Titãs, Jota Quest, Capital Inicial, Ira!, Thiago Abravanel. “É sempre aquela coisa, o pessoal acaba convidando por respeito, a galera sabe que eu curto e tal. Mas ninguém acredita que toco, acham que porque sou presidente não posso ser roqueiro. Tocar rock nacional é muito simples, são meia dúzia de acordes”.  E ser tema de escola de samba? Em 2010, o livro “O Cacau é Show”, escrito por Alexandre, que traz a rota do cacau, a história do chocolate e todo o encanto do fruto às pessoas, lançado em 2008, foi fonte de inspiração para o samba-enredo da Rosas de Ouro. “Em qualquer lugar que vou e tem música, eu me meto”, brinca o executivo.

A empresa mantém ainda, o Instituto Cacau Show que além da grade curricular de atividades às crianças, tem aulas de música. “Não poderia faltar a música”. Alexandre acredita que a música dá o tom ao seu negócio. “O que mais me motiva é a criação, isso está em marketing, está no produto e está na música. Esse é o fio da meada, a música é que deu o tom dessa coisa da criação, do ponto-de-venda, de encantar o outro. Quem faz música quer provocar uma sensação no outro e isso tem tudo a ver com nosso negócio. Uma coisa completa a outra. A música me deu essa sensibilidade”.

Na primeira banda, aos 15 anos, tocava com os amigos da praia. Se apresentavam em festas, chegaram até a tocar num bar, durou três anos. A segunda já marca o início da Cacau Show. Desta vez a banda era composta por amigos que moravam no mesmo prédio de Alexandre, no bairro da Casa Verde, zona norte da capital paulista. “Éramos um trio que tocava num estúdio muito improvisado com caixas de ovos para garantir a acústica; ficava dentro da empresa dos meus pais. A Cacau Show começou num cantinho e o estúdio noutro. Era bem underground, no subsolo. Para chegar à noite, era difícil; tínhamos que passar entre as prateleiras, não havia muita iluminação”, lembra. Foram sete anos assim, chegaram a gravar, mas a Cacau Show começou a dar certo, então Alexandre deixou a banda. “Tinha que chegar cedo ao trabalho; fora isso, antigamente, para se ter potência precisava carregar muito peso, era cansativo”. Porém, nunca deixou de tocar. Eclético, de uma forma ou de outra, a música está sempre presente. “Tem música para todo momento. Quando minha filha fizer 15 anos e eu tiver que dançar valsa com ela, por exemplo, vai ser a música do ano”, emociona-se.