Veterano no Cannes Lions, Claudio Lima, VP nacional de criação da Ogilvy, desta vez, será jurado de Print & Publishing, uma das áreas mais antigas do festival. Possivelmente esta foi a que menos se transformou ao longo do tempo e agora se vê às voltas com a revolução digital, passando a incluir, por exemplo, posts e publicações digitais. Lima já foi jurado em Cannes pelos Estados Unidos, em 2015, e afirma que se sente confortável por sua vasta experiência internacional. Confira a seguir os principais trechos da entrevista que ele concedeu ao PROPMARK.

Divulgação

Vitrine

Cannes Lions é o maior festival de criatividade de todo o mundo. É onde a gente vê tendências, estratégias e caminhos que as marcas podem percorrer. E tem uma representatividade incrível de tudo o que ocorreu no último ano. Além disso, para quem ganha, é a maior vitrine profissional que existe. Sua carreira pode ser feita ali. Eu já fui muito, creio que umas dez vezes.

Aprendizado

Tive o privilégio de ir como Young Creative e ganhar a competição internacional lá. Já fui uma vez como jurado, representando os Estados Unidos, e, agora, estou indo pelo meu país. É sempre uma experiência incrível, de muito aprendizado, contatos e descobertas. Mas, da primeira vez que fui, em 2003, como Young de Portugal, até hoje, o festival mudou muito. A maior presença de clientes tem melhorado a relação deles com o trabalho e mostrado a importância do festival.

Print & Publishing
Acho que a categoria está mudando. Este ano vamos ter a subcategoria de Digital Publishing, que vai focar em posts e coisas assim, para onde o nosso foco está indo como negócio. Acho que para o Brasil a mídia impressa ainda é extremamente importante, com veículos gigantes e tradicionais, mas que estão se modernizando. A mídia impressa em papel, eu acho, vai continuar se renovando e vamos ver cada vez mais revistas, jornais e meios de informação que sempre foram impressos migrar para plataformas exclusivamente digitais.

Olhar

Em Print & Publishing, temos três pontos principais para os quais precisamos olhar: a ideia, sempre em primeiro lugar; o craft e o cuidado com a execução; e se é uma peça que fala com o público para quem ela é destinada. Para ser jurado em Print & Publishing é importante estar aberto a entender piadas e execuções locais. Além disso, há uma diferença de públicos e como eles veem as ideias em determinados países. Eu já trabalhei em quatro mercados diferentes, então creio que tenho essa facilidade de entender diferentes pontos de vista.

Jurado
Acredito que nosso dia a dia já é o preparo para ser jurado. O único preparo diferente agora é o de conhecer as inscrições brasileiras para que a gente consiga defender bem as peças candidatas a Leão. Eu já fui jurado em diversos festivais internacionais, incluindo Cannes 2015. Acho que a sala de júri que você está costuma definir que tipo de jurado você vai ser. Há júris mais informais, outros mais sérios e fechados. Mas, no geral, você precisa entender as perspectivas de diferentes pessoas e culturas e respeitar opiniões para que respeitem a sua. E é melhor falar menos na hora certa do que muito toda hora.

Brasil
O Brasil é um dos melhores países do mundo, senão o melhor, na categoria de Print & Publishing. Temos uma escola de direção de arte incrível, a maioria das grandes agências do mundo tem e depende de diretores de arte brasileiros. Geralmente vamos muito bem em Print & Publishing e espero que seja assim este ano. A nossa riqueza cultural e visual ajuda nisso, além da disciplina de trabalho que temos, de virar noite retocando imagem, fazendo e refazendo layout. Contamos ainda com as referências dos grandes diretores de arte brasileiros, como Marcello Serpa, Tomas Lorente e tantos outros.

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Tem uma palestra que apresento para estudantes que se chama A melhor profissão do mundo. Adoro o que a gente faz. De poder pensar em soluções, criar coisas que vão ser assistidas, compartilhadas e ter um efeito prático em negócios. O fato de poder falar e tratar sobre assuntos e produtos tão diferentes, tudo em um mesmo dia.

Impresso
O futuro do impresso é não ser mais impresso e, sim, publicado. Acho que o nome da categoria, Print & Publishing, mostra isso. Logo pode ser só Publishing. O que você publicou. Não precisa ser em papel e é para onde vamos. Mas ser jurado em Cannes, em qualquer categoria, é incrível. Estar com os melhores criativos do mundo e discutir sobre trabalho é, sem dúvida, uma experiência única.

Excesso
A coisa boa de Cannes é ser um festival muito inquieto, que está sempre se renovando e procurando novidades de interesse dos delegados. Todos os anos temos novas categorias e coisas para assistir e fazer, mas, se eu pudesse mudar algo, eu limitaria o número de categorias dos prêmios para focar mais nas ideias e menos nas nuances de execução.