O jornalismo não está em crise. Foi o que afirmou Edward Pimenta, diretor de Apoio Editorial da Editora Abril, durante o Global Reporting Initiative (GRI), encontro realizado na manhã desta quarta-feira (17) em parceria com o IVC (Instituto Verificador de Comunicação). Para o executivo, o problema está nas empresas. “O que está em crise são os players que financiam as empresas de comunicação”, afirmou Pimenta.

Ainda de acordo com ele, isso se deve à divisão da verba. “Hoje em dia, existem muitas outras plataformas, como o Facebook, que fez com que as exista essa divisão de verbas”, contou o gerente de treinamento e apoio editorial do Grupo Abril. Ele participou do painel ao lado de Cheila Zortéa, coordenadora de projetos do Grupo RBS. O tema girou em torno da atual situação da imprensa brasileira.

Cheila, por sua vez, afirmou que é preciso, antes de tudo, entender o legado que a imprensa pode deixar para a sociedade. “A imprensa tem um papel mais do que fundamental na sociedade, uma vez que cabe a ela criar o cidadão, informá-lo e desenvolver o senso crítico nas pessoas”, disse.

Já Edward Pimenta foi além e garantiu que a imprensa brasileira contribui bastante para o desenvolvimento de um país. “Isso se deve muito à difusão de informação”, destacou. E, falando em difusão de informação, Pimenta citou como exemplo a revista Claudia, da Editora Abril. “A Claudia foi de extrema importância para a evolução do papel da mulher na sociedade, ela acompanhou todas as transformações e já falou de muitos assuntos polêmicos”, ressaltou.

TRANSPARÊNCIA

Outro assunto que também entrou em discussão durante o encontro foi a transparência dos meios de comunicação. Patrícia Blaco, presidente do Instituto Palavra Aberta, defendeu que a transparência, atualmente, é muito mais evidente do que antes. “Ela acontece de uma forma muito mais natural do que antigamente e isso é uma evolução, no entanto, acredito que ainda temos muito que caminhar”, destacou.

Patrícia, porém, também afirmou que a imprensa brasileira passa por um momento difícil. “Além disso, o mercado não tem um regime de governança, para isso, é preciso estabelecer um padrão”, disse. Ela citou um exemplo do que chama de padrão. “As empresas mais avançadas tornaram públicas as condutas de ética para a sociedade”, exemplificou.

Pedro Silva, presidente do IVC, falou sobre a tecnologia. “A tecnologia, como não poderia ser diferente, veio para somar e para contribuir com a produção de um jornal, por exemplo”, disse. “Ela mostra aos jornalistas o que o público quer ver, os assuntos mais comentados do Twitter são subsídios para uma reunião de pauta”, completou.

O encontro do Global Reporting Initiative, que teve como tema “Liberdade de Expressão e Transparência: os Meios de Comunicação e seus Impactos na Sociedade Brasileira”, buscou enfatizar a importância de os veículos expressarem com clareza seu papel no desenvolvimento de uma sociedade sustentável, reforçando os compromissos com a liberdade de expressão, pluralismo e diversidade, vigilância, expressões culturais e inclusão social. O GRI teve parceria estratégica da International Federation of Audit Bureaus of Circulation (IFABC).