Em entrevista, a profissional conta seus maiores aprendizados em 43 anos de agência
“Ao decorrer desta entrevista vocês vão descobrir que tocaram em um ponto fulcral da minha vida”

É assim que Marlene Bregman iniciou sua fala em uma entrevista para falar sobre o, carinhosamente apelidado, Seu Leo Burnett, publicitário norte-americano e fundador da Leo Burnett Tailor Made, agência na qual Marlene já dedicou 43 anos de sua vida.

Aos 80 anos, a profissional declara não estar no mesmo lugar há tantos anos por falta de oportunidades ou criatividade, mas por ter se identificado com os valores que Seu Léo deixou permear por todo o funcionamento da agência.

“Esses valores cimentaram minha alma de uma forma tão poderosa, que eu nunca mais tive vontade de estar em outro lugar”

Marlene relembra seu início no mercado de trabalho com carinho. “Eu me formei em jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 1964, logo depois eu ganhei uma bolsa de estudos e fui fazer o meu mestrado nos Estados Unidos, em uma das melhores universidades de jornalismo do planeta, a Syracuse University em Nova York”, conta.

Após sua formação e alguns anos de experiência em agências nos EUA, Marlene voltou ao Brasil e encontrou dificuldade para trabalhar em agências - que alegavam que ela era “qualificada demais”.

Não demorou muito para ela ser “sequestrada” para uma agência que tinha acabado de chegar a São Paulo, a Leo Burnett. “Eu nunca tinha ouvido falar da Leo Burnett no Brasil, mas já o conhecia dos meus estudos lá no mestrado. Nos Estados Unidos ele era considerado um titã, ao lado de nomes como Henry Ford e Walt Disney”.

Foi então que Marlene entrou para a Leo Burnett como diretora de pesquisa de mercado e planejamento. Com o crescimento da área de pesquisa dentro da Leo Burnett, logo a agência começou a competir com instituições de pesquisas, que não era o objetivo. Então, Marlene continuou como vice-presidente de planejamentos e hoje, após a aposentadoria, atua como consultora estratégica.

“Eu tenho um nome e uma história, eu não trabalho apenas para três letrinhas ou um nome bacana, eu trabalho para Leo Burnett”

Resgatando alguns dos ensinamentos que Seu Léo deixou de legado, Marlene enfatiza o símbolo da Leo Burnett (uma mão que tenta alcançar uma estrela).

“Quando tentamos alcançar uma estrela, podemos não conseguir apanhar nenhuma, mas também não acabamos com as mãos cheias de lama”

Para ela, tal frase destaca a integridade de Leo Burnett, que “muitas décadas atrás já acreditava que a propaganda tem uma responsabilidade pública e social. Ele acreditava que o homem seguro de suas convicções, que sabe o que é certo e age de forma certa, evita as armadilhas da transigência e permanece incorruptível”.

Para além disso, Marlene fala que aprendeu com Seu Léo que não se pode criar uma boa propaganda sem um bom cliente. “Você precisa fazer um amigo antes de fazer uma proposta".

Então, quando você pensa na propaganda, é preciso entender, conhecer as pessoas, suas paixões e se aproximar delas antes de você poder apresentar uma proposta”. E para isso, a melhor forma é seguir mais um conselho de Burnett: manter tudo simples.

Assim, Leo Burnett deixou um legado para os caçadores de estrelas. Marlene explica que “na Leo Burnett, temos um grupo de pessoas dedicadas a caçar estrelas e que, às vezes, conseguem agarrar algumas”. Para ela, esse é o maior símbolo da agência e um propósito de vida.

“É isso que eu posso dizer, é o que ele [Leo Burnett] significa para mim. Ao conhecer a Leo, você vai encontrar evidências do legado dele em cada parede”, conclui Marlene.