Homenageado no El Ojo, Marcello Serpa fala sobre a evolução do mercado publicitário ao longo dos anos

Marcello Serpa é um dos nomes responsáveis pela expansão da publicidade brasileira entre os continentes. O ex-sócio-presidente e diretor de criação da AlmapBBDO é o primeiro a ser homenageado e integrar ao Salão de Honra do Talento Latino no Festival El Ojo de Iberoamérica de 2022. O local foi criado com o intuito de reconhecer os profissionais que tiveram passagem pelo festival e faz parte das comemorações de 25 anos do festival.

Serpa conquistou prêmios, honrarias e prestígio em um meio marcado pelo ego, mas em 2015 decidiu que seu Sol estava a ponto de se pôr. Sua saída do mercado teve influência de outro nome de peso, mas de uma outra época, Liev Tolstói.

A história de um homem seduzido pelo diabo que não soube voltar antes do pôr-do-sol contada no clássico De quanta terra precisa um homem voltou à mente do publicitário quando este completou 50 anos, mas, ao contrário do personagem do livro, Serpa soube a hora de voltar ou, neste caso, de parar.

“Para mim é uma felicidade imensa. Fui muito feliz aqui e o festival abriu os olhos do Brasil para a América Latina, que tem uma força criativa que eu nunca vi em nenhum outro lugar”, afirmou Serpa sobre a homenagem.

Longe dos holofotes da propaganda e vivendo um novo estilo de vida, Serpa ocupou o palco do El Ojo nesta quarta-feira (9) para contar sobre sua trajetória e de como ele vê a vida após a publicidade. Durante quase uma hora, o publicitário também compartilhou suas visões sobre o mercado atual.

Dentre os pontos levantados, Serpa contou qual era o segredo de seus trabalhos: simplicidade, mas sem ser clichê. “O medo é o maior criador do clichê e o clichê é o inimigo da criatividade”, explicou o publicitário.

A evolução dos meios de comunicação também foi um dos temas abordados por Serpa, que afirmou que o mercado saiu do mundo da comunicação de massa. “As mídias sociais começaram a se fragmentar como pequenas galáxias, fazendo com que as mensagens massivas fossem perdidas. Hoje, o consumidor toma para si a necessidade de divulgar as marcas”, explicou o congressista.

O mundo mudou e a publicidade acompanhou o movimento. Com isso, muitas das peças que rondam pelas ruas e redes sociais trazem consigo um “quê” de revolução, algo que pode ser muito positivo uma vez que o mercado publicitário é o reflexo daquele tempo em que vive, mas também pode ser o “tiro pela culatra” se feita apenas do meio para fora. “Se as marcas e empresas forem hipócritas, elas se tornam irrelevantes. Se todas as marcas querem salvar o mundo, quem é que está o destruindo?", questionou o publicitário.