Tenista fala sobre sua experiência como investidora em startups durante o Inbound 2024, evento promovido pela HubSpot
O segundo dia de conferências do Inbound 2024, evento realizado pela HubSpot em Boston (EUA), girou em torno do empreendedorismo feminino e de como a tecnologia está mudando a vida das pessoas. Um dos primeiros painéis, ‘Recoding the future’ trouxe a jornalista americana Kara Swisher, que cobre há décadas o mercado de tecnologia. Co-host do podcast Pivot para a New York Media, ela defendeu que as companhias do setor sejam mais transparentes em relação ao desenvolvimento de seus produtos, que impactam a vida de bilhões de pessoas.
“Eles têm que nos dizer como fazem. Precisamos de mais transparência com a IA, por exemplo, de onde vem, quem desenvolve, ter mais informações sobre os produtos”, afirmou Kara. Para a jornalista, um dos problemas é que o digital é tão atraente, que se torna viciante e questionou o por que. “Qual é a natureza desse produto que se torna tão viciante? E não é só viciante, é necessário. Você tem que usar para o seu trabalho, para se comunicar e operar no mundo moderno, mas é viciante. Nunca vimos um produto como esse. E isso é ainda mais preocupante para os jovens”.
Ela também ressaltou que hoje os pais protegem muito as crianças no mundo offline, querendo saber onde estão, com quem andam, o que fazem, mas pouco no ambiente online. “Adultos podem acessar as crianças facilmente online. Isso não acontece no mundo físico. Tudo o que as pessoas não fazem offline, também não deveriam fazer na internet”, disse Kara. Ela adicionou que alguns dos líderes das grandes empresas de tecnologia vivem uma distopia e acham que vão salvar a sociedade.
“Eu adoro os jovens empreendedores. Eles são muito mais espertos, muito melhores do que os mais velhos, que querem ir para Marte. Boa sorte, vá embora desse planeta! Eles não deveriam ter tanto controle sobre a nossa sociedade, sobre os nossos destinos. Elon Musk e até mesmo Tim Cook não deveriam tomar decisões sobre o nosso futuro. Nós temos (que tomar decisões) e não eles. Eu penso muito sobre isso”, finalizou a jornalista americana.
O painel mais aguardado desta quinta-feira (19) no Inbound 2024 foi, sem dúvida, o que contou com Serena Williams, que teve plateia lotada. Melhor tenista de todos os tempos, ela falou sobre como decidiu se tornar investidora e fundar o Serena Ventures, fundo de US$ 111 milhões de dólares que investe em startups lideradas por mulheres e negros. “Eu adoro ver as coisas crescerem na sociedade, moldar o futuro. Comecei a investir em companhias que eu gostava. Eu tinha o desejo de fazer parte dessas empresas de alguma maneira. Quando você vê aquela foto dos fundadores do Google na garagem e o que eles se tornaram hoje é incrível”.
Serena contou, segundo ela, a verdadeira história sobre como começou a sua ligação com o universo da tecnologia. “Eu estava cansada, meus joelhos doíam, e eu pensei que deveria ter outro jeito de participar de algo transformador. Então, eu fui conhecer o Silicon Valley. Quando eu comecei a investir em empresas de tecnologia, em 2009, era um clube formado só por homens brancos, muito mais do que agora. E essa paixão começou a crescer dentro de mim”.
De acordo com a ex-tenista, o objetivo foi sempre investir em empresas com diversidade. “Para mim, é realmente sobre como mudar a vida das pessoas. Investimos em startups de diferentes segmentos. O que eu sinto é que todo eu dia eu aprendo algo novo”, falou ela. Atualmente, o portfólio do fundo tem cerca de 24 empresas sendo aceleradas.
Questionada sobre como lhe ocorreu a ideia de ter um plano B paralelo à carreira de tenista, Serena contou que foi por causa de seu pai, que sempre falou que a trajetória de um atleta pode acabar a qualquer momento. “Eu adoro moda, por um tempo o meu plano B foi o universo fashion, que ainda amo”, revelou ela.
Segundo Serena, quando ela jogava tênis, era como um vício ter que ganhar todas as partidas e revelou como ela se sente atualmente à frente do Serena Ventures. “Quando você é campeão, você tem sempre que ganhar, é muito viciante. Era engraçado porque quando eu ganhava, não tinha aquela sensação boa, de animação, porque era algo esperado. Eu amo ganhar, ser a número 1, por isso meu fundo de investimentos possui o valor de US$ 111 milhões, porque me lembra da minha carreira como tenista”.
Serena finalizou sua fala dizendo que, para ela, todo mundo é campeão. “Você não precisa ganhar o Torneio de Wimbledon para ser um campeão. Ao mesmo tempo, você não vai ser campeão todo dia, não vai ganhar todo dia. Mas em tudo que fizer, coloque o seu melhor esforço”, encerrou ela.