Pesquisa realizada pela Centauro, em parceria com o Grupo Consumoteca, revelou dados sobre a relação da mulher com o esporte

O sonho de se tornar atleta profissional está presente na vida de 63,8% dos meninos brasileiros, mas apenas 34% das meninas se permitem sonhar com uma carreira dentro das quatro linhas. Este é um dos dados apresentados pela pesquisa “Mulher & Esporte: Um pacto coletivo para a nova narrativa”, feita pela Centauro, em parceria com o Grupo Consumoteca.

O estudo, apresentado nesta terça-feira (4) em um evento que aconteceu na Arena Centauro, localizada no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, também revelou quais são os desafios que as mulheres enfrentam no esporte, além de ressaltar a importância de ressignificar a narrativa para ampliar o reconhecimento e a representatividade feminina no meio esportivo.

"É preciso reinventar a narrativa do esporte feminino com histórias mais leves e divertidas. As mulheres têm o direito de se envolverem no esporte sem serem limitadas por estereótipos de gênero. É essencial proporcionar um ambiente inclusivo e igualitário para que elas possam alcançar seu pleno potencial", afirmou Fernanda Arechavaleta, diretora de marketing e reputação da Centauro.

Uma das discussões levantada durante o evento foi o papel das marcas na dissipação da modalidade. Há poucos dias da Copa do Mundo Feminina da FIFA, que irá começar no dia 20 de julho, o mercado publicitário está sendo inundado com campanhas voltadas para a competição, convidando e incentivando a população a torcer pelas jogadoras que irão representar o país, mas, ainda assim, o investimento do mercado nessas atletas ainda é muito abaixo do esperado e do merecido.

Essa alta demanda de peças sobre o assunto mostram como parte do mercado ainda vê a modalidade com sazonalidade, enquanto o futebol masculino já faz parte do dia a dia de grande parte da população - e do orçamento das marcas.

O estudo também apontou que 78% das pessoas acreditam que o investimento no futebol deveria ser destinado igualmente para ambas as modalidades - masculina e feminina - nos clubes nacionais e, além disso, 81% concordam que o futebol feminino deveria ter mais patrocínio das marcas.

“A Copa do Mundo Feminina é o principal produto da modalidade e atrai a atenção do mundo todo. Tão importante quanto o apoio das marcas nesse momento de grande repercussão, é a manutenção do investimento pós-evento em clubes, atletas e campeonatos locais, possibilitando que a modalidade siga sua trajetória de crescimento”, afirmou Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da ESPM.

Ainda sobre o Mundial de Clubes, a pesquisa apontou que 47% dos respondentes afirmaram que pretendem assistir aos jogos mas, mesmo com um percentual alto, a competição ainda não será marcada pela total celebração da potência das mulheres com bolas nos pés, uma vez que 70% dos brasileiros respondentes disseram que ainda há muito preconceito com mulheres que são atletas profissionais de futebol.

"É inegável que as mulheres vem ganhando mais espaço nos times, nas cadeiras do esporte e nas cotas de patrocínio. Mas isso ainda não se reflete no retorno financeiro e prestígio - muito menos as livra dos olhares de julgamento sob seus corpos. Isso coloca a mulher em constante posição de luta no esporte. Por isso, quando falamos de novas narrativas é sobre ir além dessa esfera e poder co-criar com as mulheres as narrativas que elas querem pro esporte", afirmou Michel Alcoforado, sócio-fundador do Grupo Consumoteca.

Por fim, a pesquisa revelou que apesar das dificuldades, as mulheres estão ultrapassando barreiras e desenvolvendo seu próprio protagonismo na narrativa do que significa ser uma mulher no esporte. No entanto, 47% das entrevistadas sentem falta de conteúdos esportivos que abordem temas comportamentais, nos quais seja possível desfrutar do esporte como forma de lazer e entretenimento.

O estudo concluiu que é necessário reposicionar a relação entre as mulheres e o esporte, proporcionando mais espaço para descontração, com narrativas mais leves e divertidas — um terreno que pode ser muito fértil para as marcas, por exemplo.