1. O elogiável conjunto de trabalhos inscritos pela Ogilvy brasileira no Cannes Lions de 2013 – uma edição histórica da mais famosa competição da comunicação do marketing do planeta, por comemorar os 60 anos do festival – conferiu à festejada agência e ao Brasil o topo do mundo na atividade.

Merece registro o fato da Ogilvy vir se preparando nos últimos três anos para alcançar esse consagrador resultado: em 2010, a agência obteve dez Leões no Cannes Lions; em 2011, onze; e em 2012, dezesseis.

Sob o comando de Fernando Musa e a liderança criativa de Anselmo Ramos e com o sinal verde de Sergio Amado e Luiz Leite, a equipe da Ogilvy acelerou a filosofia criativa que sempre foi uma característica da agência. E os resultados deste ano do Cannes Lions demonstram que não há limites para o império das ideias, confirmando além do mais que querer é poder.

O propmark tem acompanhado de perto esse projeto de atingir o galardão máximo de agência no Cannes Lions, desenvolvido nos últimos tempos pela Ogilvy. Somos testemunhas do esforço e dedicação da sua talentosa equipe, sempre em busca dos melhores resultados para os seus clientes e ao mesmo tempo casando esse objetivo com a apresentação de um produto final criativo ímpar.

A meta agora alcançada pela Ogilvy derruba uma vez mais o mito de que os trabalhos publicitários de altíssimo nível criativo nem sempre convencem o público-alvo, em virtude das dificuldades para a sua plena compreensão e memorização.

Basta perguntar aos clientes da Ogilvy como eles veem essa boba teoria, para desqualificá-la e cada qual, na sua condição de cliente, inclusive de outras agências, sempre exigir mais nesse quesito.

Repetimos, não há limites para o mundo das ideias e a busca permanente para conseguir que sejam belas e inovadoras é dever de todos os que militam nesse atraente e desafiador ofício.

Oferecer ao consumidor o que há de melhor na comunicação do marketing é um passo gigantesco para conquistá-lo.

2. Ao acompanhar os resultados obtidos por algumas agências que compõem o Grupo ABC no Cannes Lions, seu presidente, Nizan Guanaes, deslocou-se para Cannes na tarde da última sexta-feira, alugou um iate, ancorou no píer ao lado do Palais des Festivals e comemorou com os seus diretores que já estavam em Cannes.

Guanaes fez questão de convidar representantes da imprensa brasileira do trade, também em Cannes, para participar da comemoração.

Ao propmark, ele, que já foi a Agência do Ano no Cannes Lions com a DM9, tendo sido posteriormente um dos seus patrocinadores, com um banner do Grupo ABC afixado na imensa fachada do Palais e levando Bill Clinton para palestrar no evento, confidenciou que em 2014 será a vez da Africa.

Como fez a Ogilvy este ano e como já fizeram outras agências do mercado brasileiro – além da DM9 – como a AlmapBBDO e a F/Nazca, Guanaes dá início a esse projeto, confirmando assim mudanças em uma das propostas iniciais da Africa, que consistia em não participar de competições para ganhar prêmios.

Mais uma valiosa demonstração de que os prêmios do setor são estimulantes reconhecimentos dos bons trabalhos de uma agência.

Sempre há outras formas para essa avaliação, mas os prêmios se constituem em uma das mais importantes do seu conjunto.

3. As recentes e fortes manifestações populares nas ruas e praças do país ainda não foram devidamente compreendidas por todos os que se propuseram a analisá-las.

O mote inicial contra o aumento das tarifas dos transportes coletivos urbanos foi apenas o estopim para outras reclamações, que acabaram desaguando em uma “palavra de ordem” ineludível, caso o grupo dos primeiros manifestantes fosse politicamente mais organizado (e isso era tudo o que os seus componentes não queriam caracterizar).

A expressão mágica, que poderia (ainda pode) se transformar na grande bandeira do movimento, foi a do padrão Fifa para todos os serviços públicos. Que só não pode ser aplicado no combate à corrupção, por motivos óbvios…

Como sempre, porém, outros grupos se infiltraram entre as manifestações aparentemente espontâneas do grosso da população, inclusive a temível turma do quebra-quebra, que sempre prejudica esse tipo de clamor público e tudo ficou mais difícil para os analistas.

Desses movimentos, todavia, salta uma verdade incontestável: a insatisfação popular contra o status quo, aparentemente conflitando com as pesquisas de opinião que têm colocado nossas lideranças políticas no telhado do mundo.

Após o pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff na noite de sexta, esta semana que hoje começa será decisiva para o rumo dos acontecimentos.

Se o governo sair do domínio das palavras e dar início a (pelo menos) algumas ações com vistas à melhoria da qualidade de vida da população, poderemos assistir a uma trégua. Caso contrário, o terreno permanecerá fértil para a verdadeira insatisfação popular aumentar seu volume.

Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2454 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 24 de junho de 2013