O ChatGPT segue dominando o cenário das IAs conversacionais, com mais de 80% de share. Pesquisas recentes indicam o crescimento acelerado do Perplexity, mas a Gemini (do Google) não vem conseguindo conquistar o público na velocidade que se poderia esperar.

De certa forma, é surpreendente, já que o Google é líder no ecossistema de buscas e, estrategicamente, inseriu o AI Overviews e o modo IA nas buscas feitas pelo Chrome (também líder isolado de mercado).

Resolvi pesquisar o assunto utilizando a Grok (xAI), dada sua facilidade para coletar informações de conversas no X, e a Perplexity, considerando seu foco em pesquisa e precisão factual.

Em resumo, minha conclusão foi a de que a estratégia de inclusão da “visão geral criada por IA” nas buscas do Google foi percebida como intrusiva, dividindo opiniões.

O mais grave, entretanto, é que um percentual significativo dos usuários do Google, que recebem a informação de forma passiva, afirma ter identificado erros importantes nas informações oferecidas.

Isso significa que a ação que pretenderia “vender” a IA do Google pode estar, na verdade, desestimulando sua experimentação e minando sua confiança a priori.

A Grok preparou para mim uma tabela comparativa das opiniões coletadas sobre o AI Overviews (uso passivo) e as IAs conversacionais (uso ativo), em fontes como Reddit, artigos (ex.: TechTudo, MIT Technology Review) e discussões recentes no X.

Estes foram os pontos que considerei mais relevantes da apuração:

• As IAs conversacionais são percebidas como mais interativas, úteis, divertidas, confiáveis e produtivas (incluindo a Gemini), por seus usuários.
• A satisfação dos usuários com o AI Overviews é baixa (muitos alegam que preferem desativar esse modo), enquanto a dos usuários regulares das IAs conversacionais é alta (engajamento diário).

• As críticas mais comuns ao AI Overviews são os erros absurdos, viés em fontes e redução de tráfego para sites. Já as IAs conversacionais são criticadas por censura ocasional ou limitações em temas sensíveis.

• Como pontos positivos, o Overviews é considerado mais rápido e simples, integrado às buscas do Google, e as IAs menos intrusivas, mais “humanas” e adaptáveis.

O site Exploding Topics, fundado por Brian Dean e reconhecido por apontar tendências digitais emergentes, realizou uma pesquisa sobre a credibilidade das inteligências artificiais, divulgada no fim de outubro de 2025 (https://explodingtopics.com/blog/ai-trust-gap-research).

A pesquisa indicou uma questão paradoxal: 82% dos entrevistados são céticos em relação às respostas das IAs, mas apenas 8% sempre checam as fontes.

Especificamente em relação ao AI Overviews, 42% dos respondentes afirmam haver identificado informações incorretas no que foi apresentado, 22% acreditam que a inclusão do serviço piorou a busca do Google e 29% acreditam que melhorou.

Entretanto, entre os usuários habituais de IAs conversacionais, a Gemini vem ganhando simpatia por suas características multimodais (texto, imagem, vídeo, contextos longos) e o AI Overviews é, estrategicamente, uma boa porta de entrada, convidando para o modo IA, que utiliza o Gemini como recurso e leva o usuário da condição passiva para o consumo ativo, mais favorável, acostumando-o a permanecer nos domínios do Google.

Há que estar atento, contudo, à qualidade desse serviço.

Flavio Ferrari é fundador do hub SocialData e professor de análise estratégica de cenários futuros na ESPM