Chega um dia, em que o melhor caminho é a separação; amigável e necessária. Talvez na vida e, seguramente, nos negócios.
Empresas que crescem de forma consistente e espetacular, em benefício à sequência e à prosperidade do negócio, realização máxima de seu potencial, de forma saudável e planejada, impõem-se a separação.
E que e no ambiente corporativo denominamos de spin-off, ou desmembramento.
Foi o que a Johnson & Johnson decidiu meses atrás, parindo um bebê gigantesco, batizado de Kenvue, com 2,4 mil funcionários, e faturamento, na decolagem da ordem de R$ 15 bilhões, num terreno tradicional da empresa, na cidade de São José dos Campos.
Para colocar a nova empresa no ar com segurança, precisou acionar todos os motores.
Quem digitar Kenvue no Google vai conhecer marcas e produtos que mudaram de casa. Listerine, Neutrogena, Tylenol, Benadryl, Reactine, Motrin, Calpol, Johnson’s Baby, Sundown, Rogaine, Band-Aid, Carefree e OB, dentre outras duas dezenas...
Como se toma uma decisão e se faz uma ruptura – sem romper e perder a essência – de tamanha dimensão?
Com, mais que um programa, um Projeto de RH monumental. E foi o que fez a J&J.
Segundo Gisele Jakociuk, diretora de RH da Kenvue, o bebê gigante da J&J, o foco foi totalmente concentrado em todas as medidas e providências capazes de preservar a cultura, e preparar o terreno para que a nova empresa nascesse e crescesse de forma consistente.
Em entrevista à Você RH, concedida a Caroline Marino, Gisele disse:
“Para lidar com a gestão de tantas pessoas em tão pouco tempo, a ênfase foi focar na cultura organizacional, definindo missão e valores. Procurando garantir aos que migraram da J&J que estivessem alinhados com a missão da nova empresa, e que os novos contratados fossem compatíveis com essa cultura, na busca pela total eficácia desde os primeiros momentos.
Assim, essa estratégia nos permitiu começar com uma equipe experiente e, ao mesmo tempo, graças aos novos colaboradores, impulsionar a agilidade,
a inovação, mantendo a todos informados por igual sobre a visão da empresa, objetivos de curto, médio e longo prazo... nossa cultura é trabalhada diariamente nos canais internos de comunicação e nas ações integradas...”.
É isso, missão mais que cumprida, referência para todas as empresas gigantescas, que nasceram antes do tsunami tecnológico e disruptor, e que obrigatoriamente levará muitas delas a decisão semelhante.
Parando com a perda de tempo, dinheiro e a idiotice monumental, que é a de tentar abrigar num mesmo teto, negócios e pessoas originárias de momentos e situações nada a ver...
E com especificidades únicas, próprias e exclusivas. Abafar e constranger virtudes, potenciais, competências e talentos.
O bebê Johnson de 2023 é a Kenvue...
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
fmadia@madiamm.com.br