Semana passada me caiu a ficha que ainda neste ano viveremos uma Copa do Mundo. Tenho cruzado alguns amigos e parceiros que trabalham com futebol e, claro, sempre pergunto: “E o hexa, hein? É uma realidade?”.

A resposta no geral é “sim”. Comecei então a pensar nas Copas anteriores e nas derrotas tão sofridas, que tinha até me esquecido da experiência maravilhosa que vivi em 2002, após a conquista do penta na competição realizada no Japão e na Coreia do Sul. Foi um dos dias mais emocionantes da minha vida.

Quem não lembra do capitão Cafu erguendo a taça e mostrando a inscrição que fez na camisa? 100% Jardim Irene. A homenagem do jogador ao bairro onde nasceu e cresceu em São Paulo (SP) ficou na memória de todos.

Os brasileiros que vivenciaram aquela Copa certamente se lembram da emoção daquele momento, um país inteiro unido, feliz. Foi literalmente A Festa (composição de Anderson Cunha), conforme a canção famosa na voz de Ivete Sangalo, música que Felipão usou para motivar os jogadores durante a competição.
Aquele momento, ainda hoje, me dá muita emoção. Na época, eu trabalhava no Banco de Eventos e cuidava da conta da Ambev/Brahma, patrocinadora do time.
Para festejar o retorno dos jogadores ao Brasil, a patrocinadora programou
um trio elétrico. Porém, a gente não sabia onde os atletas desembarcariam, se em São Paulo (SP), no Rio de Janeiro (RJ) ou em Brasília (DF).

O jeito foi deixar tudo meio que preparado nas três cidades. Imaginem que trabalho! Mas é daqueles trabalhos que valem cada gota de suor. Com a confirmação de que o desembarque seria em Brasília (DF), começou o corre-corre definitivo para que o trio (a recepção) fosse um momento inesquecível.
Os jogadores, após o desembarque, iriam para o desfile em carro dos Bombeiros. Mas eis que, no meio do caminho, tinha o trio elétrico da AmBev/Brahma, com Ivete Sangalo! Daí, não teve como seguir o protocolo da recepção oficial aos atletas.

Alguns meses antes disso, eu tinha feito uma viagem para um amistoso da seleção em Portugal e conhecido os jogadores. Então, quando o baiano Edílson (o Capetinha) me viu em Brasília, ele deu “oi” e nesse momento aproveitei para avisá-lo que a conterrânea dele Ivete estava no trio.

Edílson tomou a frente e chamou os jogadores. Um a um, eles subiram no trio. Foi incrível: 500 mil pessoas no trajeto do aeroporto até o Palácio da Alvorada. No percurso, de cerca de 15 km, os atletas cantaram, batucaram e festejaram da forma mais que merecida, em uma verdadeira onda de alegria. O povo nas ruas estava em êxtase. Uma reportagem da época sobre essa recepção teve um título perfeito: O chão da terra tremeu.

Vinte anos se passaram. Essa história nunca saiu da minha cabeça. Pena que naquela época os celulares ainda não eram sofisticados como os de hoje, para fazer um monte de fotos e vídeos!

Agora, essa história volta com força à minha mente, com um significado ainda mais importante do que vencer uma Copa. Hoje, o Brasil está politicamente polarizado, dividido. Desnecessário dizer que o que vale é a democracia: podermos decidir em quem votar.

Mas fico triste ao comparar aquele Brasil de 20 anos atrás com o nosso país de hoje. A energia e a alegria daquela Copa de 2002 parece que ficou tão distante da gente. Meu desejo é que a Copa deste ano seja de vitória da nossa seleção. O futebol é o nosso esporte, e a torcida tem o poder de nos unir novamente.

Tati Oliva é fundadora e sócia-diretora da Cross Networking

(Crédito: Franklin Maimone/Divulgação)