Um dos maiores desafios dos negócios no mundo digital é conseguir extrair dados relevantes, capazes de fornecer as informações que alimentem estratégias cada vez mais assertivas - para potencializar todos os diferenciais capazes de converter intenção em compra.

Quando o assunto é acessibilidade digital, a primeira coisa que vem à mente da maioria das pessoas está atrelada a boas práticas. Mas este tema vai muito, muito além disso e além de ajudar a melhorar a performance digital, é possível mensurar os impactos no negócio.

Acessibilidade, segundo o dicionário, é a qualidade daquilo que tem acesso fácil. E seja no online ou no presencial, qualquer cliente quer facilidade para adquirir um produto ou serviço.

Quem não gosta de ter autonomia para procurar, comparar e escolher a melhor opção?

Infelizmente, a realidade da web brasileira é crítica em relação ao nível de acessibilidade nos sites. Isso prejudica tanto pessoas com deficiências, com baixa maturidade digital, com dislexia, daltonismo, TDAH, autismo, com mais de 40 anos, quanto aquelas que estão com uma deficiência temporária, como um braço quebrado ou tendinite, ou uma deficiência situacional, como alguém que esqueceu o fone em casa e não pode ouvir mídias com áudio, por exemplo.

Quando aplicamos as diretrizes internacionais, que estipulam os padrões mínimos de acessibilidade para conteúdos na web, presentes na WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), oferecemos uma experiência muito melhor para todos os clientes e conseguimos coletar informações que podem ajudar a ter outra percepção de um público que navega de forma não convencional e que tem dinheiro para gastar.

Ainda que a maioria dos profissionais que trabalha com o digital talvez não saiba disso, existem pessoas que não usam o mouse para navegar em uma página, e sim o teclado - navegando de link em link, por imagem, por heading tags (tags de cabeçalhos), entre outras inúmeras formas de navegação. Então, quando fornecemos recursos de acessibilidade e tagueamos todos os que são clicáveis, descobrimos que há uma quantidade expressiva de usuários que estavam sendo automaticamente excluídos.

Como criamos um dashboard de acessibilidade então?

Existem alguns recursos que não aparecem para quem navega de forma usual, como os skip links, que são ativados ao usar a tecla TAB. Quer experimentar? Entre na busca do Google e navegue usando apenas a tecla TAB - o link de pular direto para o conteúdo irá aparecer visualmente.

Outra ferramenta de acessibilidade digital muito utilizada em websites, é o plug-in da Hand Talk, que oferece a tradução de textos em português para língua brasileira de sinais (Libras), permitindo que brasileiros surdos, alfabetizados em libras, também entendam todo o conteúdo de texto presente na página, seja em parágrafos ou em texto alternativo presente nas imagens.

Esses tipos de recurso podem ser tagueados via GTM (Google Tag Manager) e os dados podem ser exportados diretamente para o DATA Studio - assim é possível entender quantos usuários estão conseguindo consumir o conteúdo de maneira não-convencional.

Após a criação do dashboard de Acessibilidade dos recursos presentes no site da Guide, a primeira corretora de investimentos a realizar melhorias voltadas para acessibilidade digital, identificamos que, somente neste ano, mais de 18 mil usuários tiveram o acesso liberado e facilitado por implementações como a que fizemos.

Também é possível fazer comparativos entre curtidas e interações com posts voltados à comunidade PCD nas redes sociais e perceber como a abordagem de uma empresa inclusiva se destaca pela responsabilidade social. Na Guide, o post sobre 5 referências de autistas nos investimentos, lançado no dia do autismo, teve 82% mais curtidas que os outros posts lançados no mesmo período. Já a publicação do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, teve um aumento de mais de 180,5% de visualizações em apenas 4 dias.

Estes resultados demonstram na prática a importância de implementar ações estratégicas e produzir conteúdos cada vez mais assertivos, diversos e inclusivos. A democratização do acesso é um enorme passo para a inclusão, abrindo caminhos para potenciais consumidores, profissionais e parceiros.

Amanda Lyra é líder do time de acessibilidade da i-Cherry