Já comentei aqui com vocês que essa inundação do tal de cash back deve-se à desmoralização dos planos de fidelidade que tinham, nos pontos não utilizados dentro de um determinado prazo, sua fonte maior de lucro.
Uma vergonha, um estelionato. E aí nasceu o Stix. Da Raia Drogasil, do Pão de
Açúcar, que têm o Itaú como plataforma bancária.
O Stix foi lançado em outubro de 2020, e meses atrás fez um anúncio para comemorar o Dia do Consumidor. Se você não está sentado, por favor, sente-se.
Vamos transcrever agora para vocês o que diz o anúncio sobre o prazo de validade dos pontos.
“Uma das razões muito comum de desencantamento do consumidor com programas de fidelidade é a validade/expiração dos pontos. Alguns pontos duram meses, outros um ano, dois ou mais, a partir da data em que o ponto foi obtido. Assim, todo dia tem ponto expirando, pois todo dia tem pontos que estão completando seu período de validade. E, de pouco em pouco, sem o consumidor conseguir acompanhar ou perceber, perde todo o esforço de fidelização.
A Stix inova com uma abordagem completamente diferente, com uma data fixa para a expiração de todos os pontos. Na Stix, o consumidor tem a tranquilidade de que, independentemente de onde e quando juntou seus pontos, todos eles expiram juntos uma vez por ano, sempre ao fim de setembro...”.
Inacreditável! Segue o estelionato! No passado esperava-se setembro para celebrar a primavera. Hoje, sinistros e compungidos, caminhamos no enterro coletivo dos pontos. No tal do Festival do RipStix!
O Stix acaba de criar a morte coletiva e solidária dos pontos. Morrem todos juntos... Não sobra um para as exéquias... Missa de 7º dia, esquece...
Existe uma oportunidade monumental para um Programa de Recompensas, de Loyalty, à espera de uma iniciativa inovadora, revolucionária, magnetizante, irresistível, capaz de sensibilizar e empolgar corações e mentes. Definitivamente o tal do Stix não é essa iniciativa.
O que os outros matavam silenciosamente para não chamar a atenção e não causar tumulto, um a um, o Stix decidiu que se é pra sofrer que o sofrimento aconteça de uma vez só e concentrado. “Assassinato coletivo de pontos”.
Não consigo acreditar que somos testemunhas dessa barbaridade.
Não consigo acreditar que empresas tão importantes e prósperas tenham assinado uma mesma enganação no formato – cosplay tosco e grosseiro – de um suposto programa de fidelidade do bem.
Mas é muito pior do que isso. É a confissão escrachada e despudorada de incompetência e desrespeito aos seus clientes.
O Brasil continua na expectativa de um programa de loyalty moderno, ético, verdadeiro e eficaz. Que, mais que semear preferências e reconhecimentos, construa relacionamentos para sempre.
A propósito, qual o sentido do programa de loyalty de maior sucesso do Brasil, o Pão de Açúcar Mais, ter migrado para o Stix...
Stix?!!!
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
famadia@madiamm.com.br