Era uma vez num lugar muito, muito distante, uma agência de publicidade onde havia um grande líder. Genial, ele criou uma das melhores agências do mundo e era conhecido por ser muito exigente com os trabalhos que sua empresa colocava na rua para seus clientes.

Num determinado dia nessa belíssima agência um jovem talento recém-contratado apresenta suas ideias numa reunião de criação com todas as áreas da agência juntas, inclusive com esse dono da agência. As ideias eram muito boas. O rapaz brilhou e levou elogios à altura.

O grande líder disse a ele que as ideias eram incríveis, que ele era um gênio e um dia seria sócio da agência. O novato ficou eufórico e, ao terminar a reunião, falou com seu chefe direto e expressou sua animação. O diretor de criação, um craque e muito experiente, com expressão de quem lhe dava um grande conselho, recomendou: calma, isso passa!

Algum tempo depois o criativo, que havia conquistado prestígio, respeito e uma ótima reputação no mercado, estava novamente numa reunião de criação para o principal cliente da agência. Ele dá o seu melhor, apresenta para o time da agência suas campanhas, que ele acreditava serem incríveis e fariam um grande sucesso.

Mas, para sua surpresa, a reação ao seu trabalho não foi o que ele esperava. Ele ouviu do grande líder da empresa, com a mesma intensidade de outrora, que aquelas ideias eram horríveis, medíocres e não estavam à altura da empresa. E ouviu uma ordem: refaça imediatamente. O rapaz ficou arrasado e se achou o pior dos piores. Ele se sentiu acabado. Foi até seu diretor de criação pedir as contas. O diretor de criação com toda a sua experiência e sapiência aconselhou-o com um sorriso: calma, isso passa!

A gente é aquilo que a gente entrega hoje. O tanto que você se esforça em resolver os problemas dos clientes usando criatividade e legítimo interesse profissional, é o que você terá nesse dia.

E o craque sabe que quem bate todos os penalties, uma hora erra. Equipe é mais do que importante. A gente não é. A gente está. Você “está” o seu cargo. Você não “é” a sua posição na empresa.

Ou melhor, você não ‘é’ o seu momento atual. Você é você construído em vários momentos de vale ou de pico durante toda sua carreira. Você “está” estagiário, diretor, analista ou C-Level, mas na verdade é pai, marido e ser humano.

E por mais genial ou ruim que seja a sua performance, o que lembram da gente é justamente sobre o que a gente é, não sobre o cargo ou posição que já se teve. Seu cargo às vezes pede que você tome decisões ou seja reponsável por processos inteiros, mas isso não quer dizer que você é o “melhor na sala”. Absolutamente.

A frase “Narciso acha feio o que não é espelho” é algo que a gente ouve e curte na música de Caetano, mas que dói um pouco quando a gente sente aprendendo na vida. O sucesso, passa. O fracasso, passa. Basta você seguir em frente de trabalho em trabalho sem perder o entusiasmo. Comemore, chore, mas saiba de uma coisa: calma, isso passa!