Enquanto você estiver lendo este artigo, a Croisette, lendária avenida à beira mar na cidade de Cannes, França, estará fervendo.

O Cannes Lions Festival 2024 estará em plena atividade, de 17 a 21 de junho, ocupando o Palais des Festivals e seu entorno, incluindo a própria praia e os iates ancorados ao lado.

Profissionais de todo o espectro da criatividade, incluindo líderes empresariais, pessoal de agências, criativos, artistas e disruptores, estarão lá para uma semana de palestras inspiradoras, oficinas práticas e networking.

Este ano não cobrirei o festival presencialmente, mas, como usualmente faço (há mais de 20 anos), estarei dedicado a acompanhar remotamente o rico conteúdo do festival, além, logicamente, os cases vencedores.

O festival deste ano está organizado em cinco principais trilhas de conteúdo: 1. Insights e Tendências: focado nos desafios estratégicos, comportamentos do consumidor e mudanças culturais que impulsionam a indústria.

Entre os palestrantes estão Marc Pritchard, da P&G, e Queen Latifah, que discutirá como a criatividade está mudando a percepção sobre a obesidade.

Inovação Desvendada: abordará as tecnologias e transformações que revolucionarão o futuro. Inclui palestras de Vidhya Srinivasan e Alexander Chen, do Google, sobre o papel da IA na publicidade.

Caixa de Ferramentas da Criatividade: apresentará técnicas e processos para alcançar a excelência criativa. Destaques incluem sessões com Trevor Robinson OBE e discussões sobre projetos inovadores como ‘The Tokyo toilet’.

Talentos e Culturas: explorará as pessoas e práticas por trás das organizações criativas de sucesso. Palestrantes incluem Jay Shetty e Lynne Biggar, que falarão sobre saúde mental positiva e experiências de liderança.

Impacto Criativo: demonstrará o valor e a eficácia da criatividade. Palestrantes como Diana Frost, da Kraft Heinz, e Marcus Collins, da Universidade de Michigan, discutirão a evolução do branding e o impacto da criatividade nos negócios.

De uns anos para cá, tenho me dedicado a analisar o peso ESG dado ao evento, desde a definição do júri, observando igualdade de gêneros e inclusão de minorizados, passando pelo conteúdo e culminando nas premiações especiais.

O festival tem uma track (trilha) dedicada ao que eles chamam de Good (iniciativas do bem).

Nessa trilha são premiados trabalhos que demonstram preocupação com propósito e uma comunicação criativa capaz de mudar cultura, gerar mudança e impacto positivo.

Por exemplo, a premiação “Glass: the Lion for change”, focada na desigualdade de gêneros, combate ao preconceito e a injustiça social.

Há também a categoria SDGs (ODS), que premia iniciativas criativas que abordam os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, e o “Grand Prix for Good”, o grande prêmio do festival para criatividade do bem.

Há ainda movimentos voltados à equidade de gêneros, como o ‘See it be it’, liderado por Madonna Badger.

Mas o próprio evento, em si, implementa crescentemente iniciativas de sustentabilidade e responsabilidade social, como a neutralização de carbono, por exemplo.

Mas o que importa mesmo é enxergar a criatividade como um recurso poderoso para provocar mudança.

É o que eu chamo de Criativismo: a união da Criatividade com Ativismo. O conteúdo e as premiações do Cannes Lions ditam tendências e esse é o grande mérito do festival.

Costumo dizer que ninguém volta igual do Cannes Lions Festival. A imersão criativa nos faz mudar conceitos e gera insights que influenciarão profundamente o jeito de encararmos nosso trabalho criativo.

E é nessas tendências e nos trabalhos vencedores com essa pegada responsável que estaremos de olho. Prometo dividir esses insights por aqui.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br