Os atuais acontecimentos, principalmente a tragédia no Sul do país, nos faz refletir sobre a capacidade humana de reverter um processo de degradação ambiental que vem afetando nossas vidas.

Dessa reflexão, resgatei o conceito de Green Swan (Cisne Verde), de John Elkington, exposto no livro ‘Cisne verde: O futuro do capitalismo’ (título original ‘Green swans: The coming boom in regenerative capitalism’).

No livro, o autor apresenta uma visão transformadora para o futuro do capitalismo, fundamentada na necessidade urgente de enfrentar as crises ambientais e sociais do nosso tempo.

Os “Cisnes Verdes” são apresentados como soluções inovadoras e regenerativas que não apenas resolvem problemas, mas também abrem caminho para um crescimento sustentável e um futuro mais resiliente.

Elkington introduz o conceito de “Cisnes Verdes” em contraste com os “Cisnes Negros” de Nassim Nicholas Taleb. Enquanto os Cisnes Negros são eventos imprevisíveis de grande impacto negativo, os Cisnes Verdes são inovações que trazem impactos positivos significativos e transformadores.

Eles são disruptivos e têm o potencial de mudar sistemas inteiros, resolvendo problemas ambientais e sociais enquanto criam novas oportunidades econômicas. O livro destaca a urgência da crise climática, apontando para a necessidade de uma ação imediata e coordenada.

Os sistemas econômicos e sociais atuais estão falhando em abordar efetivamente esses desafios, o que resulta em uma degradação contínua dos ecossistemas e no aumento das desigualdades sociais.

A mensagem central é clara: sem uma transformação significativa, os impactos negativos continuarão a se intensificar. Elkington propõe então uma transição para um capitalismo regenerativo, que não apenas minimiza os danos, mas também restaura e revitaliza ecossistemas e comunidades.

Este novo modelo econômico se baseia em práticas que promovem a sustentabilidade em todos os níveis, desde a produção até o consumo.
A inovação tecnológica e empresarial desempenha um papel crucial aqui, proporcionando as ferramentas e processos necessários para criar sistemas verdadeiramente sustentáveis. As empresas estão na linha de frente desta transformação.

Segundo o autor, elas devem liderar o caminho, adotando práticas que incorporem critérios ESG. Isso envolve uma mudança fundamental na forma como os negócios operam, priorizando a sustentabilidade não apenas como uma responsabilidade, mas como uma oportunidade de crescimento e inovação. O investimento em soluções verdes não é apenas uma estratégia ética, mas também financeiramente sensata, pois as empresas que lideram em sustentabilidade tendem a ser mais resilientes e lucrativas a longo prazo.

A transformação necessária é sistêmica e requer colaboração entre todos os setores da sociedade. Governos, empresas, organizações da sociedade civil e indivíduos devem trabalhar juntos para criar políticas e práticas que incentivem a sustentabilidade.

Políticas públicas que promovem incentivos para práticas verdes e penalizam comportamentos prejudiciais são essenciais para este processo.

Apesar dos desafios, Elkington mantém uma visão otimista para o futuro.

Ele argumenta que, com ação imediata e coordenada, podemos criar um mundo onde o crescimento econômico e a sustentabilidade andem de mãos
dadas.

A adoção dos princípios dos Cisnes Verdes por parte das empresas é fundamental para alcançar esse futuro.

Adotar práticas regenerativas e sustentáveis não é apenas uma responsabilidade social, mas uma oportunidade para liderar a próxima grande onda de inovação e crescimento.

Ao se posicionarem na vanguarda desta transformação, as empresas não só contribuirão para a resolução dos maiores desafios globais, mas também garantirão a própria resiliência e perenidade. Que venha uma revoada de cisnes verdes sobre nós!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br