Embora seja um dos setores que mais têm apresentado crescimento no Brasil, mesmo durante a pandemia, o agronegócio sofre com investidas negativas, principalmente quando o assunto gira em torno dos impactos gerados pelo segmento no meio ambiente. Como maior exportador de carne bovina do mundo, o país tem grande parte de seu rebanho concentrada no cerrado e na Amazônia. E, naturalmente, em algum momento, nos últimos dois anos você deve ter sido impactado com alguma comunicação falando sobre o desmatamento da região amazônica, e como isso contribui com as mudanças climáticas.
Compreender que o agronegócio está na mira do ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança), principalmente por conta das questões ambientais, é essencial para os comunicadores deste segmento. Só assim será possível derrubar alguns mitos sobre o agro e trabalhar em novas e diferentes formas para o setor poder se comunicar melhor, destacando os aspectos positivos, sua força e relevância. Outro ponto importante a ser explorado: o que o agro tem a ver com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que integram a agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)? Um apelo global para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.
É disso que vamos falar neste espaço. Vamos, juntos, ampliar nossos horizontes e debater boas práticas de marketing e comunicação para esta área de negócio. Afinal, no Brasil, este é um setor que, em 2021, teve suas exportações batendo novo recorde, na casa dos US$ 120,59 bilhões, uma alta de 19,7% em comparação ao ano anterior. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VPB), cálculo baseado no desempenho da pecuária e das lavouras durante o ano, alcançou R$ 1,129 trilhão em 2021, o que representa alta de 10,1% em comparação a 2020, com expectativas de crescimento de 2,9% para 2022.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a China continua sendo nossa principal importadora, representando 37%, enquanto que a União Europeia vem em segundo lugar, com 15%.
O que tudo isso nos revela? Que é necessário estreitar a relação do profissional de marketing com o universo do agronegócio e melhorar sua visão estratégica, inclusive em relação a sair um pouco mais dos grandes centros para explorar outros polos de negócios. O Nordeste é um deles. Consolidada quando o assunto é turismo, a região ainda sofre com os conceitos de um território pouco comentado quando se trata de agronegócio e até mesmo de comportamento de consumo.
A agricultura e a pecuária na região nordestina apresentam forças e vantagens econômicas que acompanham o crescimento do país neste setor, com uma rica diversidade de produtos como cana-de-açúcar, soja, cacau, café, milho, feijão, arroz, banana, algodão, sisal, mandioca, coco e castanhas. Toda essa diversidade produtiva ainda encontra crescimento na criação de bovinos, caprinos, na piscicultura e na pesca na Zona da Mata, com superávits na exportação.
Espero que a cada artigo os profissionais de marketing se sintam estimulados a desenvolver um olhar mais profundo sobre o agronegócio e suas inúmeras oportunidades, direcionando sua ótica estratégica para consumidores potenciais, incluindo os de praças pouco exploradas, diminuindo, assim, o preconceito dentro da própria “casa”.
E, sobretudo, essa mudança de comportamento mundial que traz à tona também um viés de marketing sobre a agricultura familiar, o empreendedor e o produtor rurais, cada vez mais conectados com soluções tecnológicas, detendo em suas equipes produtivas profissionais sedentos de inovação, mas que precisam do apoio do marketing para avançar em comunicação e estratégia tanto quanto o agronegócio progride em nosso país.
Marcio Duarte é especialista em marketing e diretor da MD COM & MKT - marcio.duarte@mdcommkt.com.br