Se a criatividade é expressão chave para o marketing e para os profissionais de propaganda, é porque ela é o arcabouço que sustenta cada vez mais os elevados investimentos das marcas em atividades mercadológicas de um modo geral.

A mídia continua sendo essencial, mas outras ferramentas trouxeram à tona outras maneiras de conexão com os pontos de contato.

Portanto, nunca se fez tão necessária a adição de doses extras de criatividade para compor um blend capaz de chamar a atenção dos clusters. A competição é grande e o óbvio se conquista com apelos que a simplicidade criativa pode fomentar.

Cannes Lions chega à sua 71ª edição com uma agenda que certamente vai contribuir para o ecossistema continuar acreditando que os assets criativos são o combustível para que continue sustentável por meio de propostas que geram brand, awareness e simpatia das audiências.

Aliás, uma pesquisa da Ascential, empresa inglesa que organiza o Cannes Lions, mostra que 84% dos executivos de marketing dos anunciantes apontam que o impacto criativo sobre os negócios é o lastro para que as verbas estejam em constante elevação em termos globais.

Essa assertividade gera mais empregos e isso é um aspecto de ROI não contemplados pela maioria das métricas.

Criatividade, porém, não é mais uma centelha que aparece casualmente. Ela é construída com muito esforço da cadeia para que o fluxo seja realizado de forma ponderada e com apelos capazes de atrair a atenção, mesmo com os contraditórios que passaram a aparecer com a instantaneidade que a internet trouxe.

Mas, os contraditórios são muito importantes e bem-vindos. Eles ajudam os anunciantes e suas agências a refazer caminhos igualmente rápidos e sem vergonha de assumir eventuais erros, sobretudo de abordagem.

A rotina de absorção intelectual para garantir negócios estruturados, faz parte e é muito bom ver que o Cannes Lions tem uma agenda de 150 horas de 500 palestras, como a do polêmico empresário Elon Musk, que contribui para que o mercado mantenha o sarrafo cada vez mais elevado.

A criatividade agradece. Porque a grande diferença entre o SXSW e Cannes é essa: o primeiro inspira a elaboração de bons briefings e o segundo faz a tradução de insights com veia criativa.

O caminho que a indústria deve buscar requer vozes antagônicas para clarear perspectivas que elevam todos os processos para que a criatividade prevaleça e aconteça. Nesta segunda-feira (17), por exemplo, foi edificante ouvir Morgan Flatley, CMO global do McDonald’s, expor suas ideias sobre o impacto criativo nas marcas que exige engajamento das lideranças para a aposta ter prêmio garantido.

Fique atento e garanta lugar na fila. A atriz, cantora e produtora Queen Latifah sobe ao palco nesta terça-feira (18) para uma conversa sobre os estereótipos da obesidade nesses tempos marcados péla discussão sobre estereótipos. Os quais os anunciantes querem distância.

Não deixe de assistir o brasileiro PJ Pereira, fundador e chairman criativo da Pereira O’Dell, que vai explanar sobre como a Intel reforça a criatividade das marcas nesses tempos de tecnologia disponível na palma da mão.

O francês Jaques Seguéla, fundador da EuroRSCG, uma grande inspiração, vai receber o Lion of Saint Mark. Uma escolha justa!  Aos 90 anos, deixou sua marca com campanhas criativas para o Carrefour, por exemplo, fazendo a ligação tríplice da criatividade com retail e construção de marca. E craft.

A ABA é entusiasta da criatividade como fortaleza para o protagonismo coletivo. E para transformar sempre em algo melhor para sociedade por meio dos impactos positivos que o marketing deve propor para gerar sustentabilidade, propor diversidade e equidade em todos os níveis.

Marketing transforma; marketing constrói pontes; marketing abriga a criatividade como celeiro para que as marcas sejam parte da vida das pessoas.

Sandra Martinelli é CEO da ABA e Membro do Executive Committee da WFA