Nesta quinta-feira, dia 30, terá início a reunião anual da Conferência das Partes das Nações Unidas, conhecida como COP, que tem os Emirados Árabes Unidos (EAU) como anfitrião. A movimentação hoje em Dubai é intensa, com a Expo Dubai City sendo meticulosamente preparada para receber mais de setenta mil participantes de todo o mundo. As longas filas no cadastramento dos delegados evidenciam a relevância do evento.

A COP 28 promete ser o maior evento climático do planeta, com desdobramentos que influenciarão a agenda global até 12 de dezembro. Este encontro reunirá presidentes, autoridades governamentais, líderes empresariais, figuras do mercado financeiro, organizações não governamentais, defensores dos direitos dos jovens, indígenas e representantes de países vulneráveis. Além disso, é inevitável a presença de lobistas e representantes de empresas ligadas aos combustíveis fósseis, grupo que tem marcado presença crescente nessas reuniões.

Como de praxe nesses eventos, os debates vão focar nos impactos das mudanças climáticas e na busca por soluções para os problemas ambientais que assolam o planeta. Negociações para acordos, especialmente em relação à transição para energias renováveis, descarbonização da economia global e financiamento para países em desenvolvimento, estarão em destaque.

A COP28 será presidida por Sultan Ahmed Al Jaber, CEO da empresa estatal de petróleo do país. Os Emirados Árabes Unidos pretendem se posicionar como líderes no combate às mudanças climáticas, mas o país enfrenta críticas por não adotar uma postura mais assertiva na "eliminação gradual" dos combustíveis fósseis.

Embora haja um certo ceticismo por parte das organizações da sociedade civil, as expectativas em relação aos resultados da COP são grandes, dada a relevância do debate para a geopolítica global e seus impactos sociais e econômicos.

Nesta edição da cúpula climática da ONU, os líderes mundiais revisarão seus compromissos de redução de emissões de carbono ao final de um ano marcado por eventos climáticos sem precedentes. Aumentar significativamente o financiamento climático e acelerar a transição energética estarão no topo da agenda, enquanto o mundo enfrenta o aumento das temperaturas e desastres naturais históricos.

A COP28 marcará a conclusão da primeira avaliação global, o Global Stocktake (GST), um processo de análise da implementação do acordo de Paris e do progresso coletivo nas metas de longo prazo. As conclusões do GST não serão apenas uma formalidade; representam uma chance de corrigir o curso e evitar consequências climáticas mais severas. Além disso, permitem a formulação de soluções independentes de setores e regiões, identificando oportunidades para intensificar o apoio e a pressão internacional.

A participação do Brasil na COP28 é muito importante, especialmente porque o país aguarda as definições sobre o financiamento para os países em desenvolvimento em relação às mudanças climáticas. Isso representa uma oportunidade, considerando a exposição do país às estratégias de mitigação e adaptação climática. Destaque também para a agenda da economia verde, na qual o Brasil, com sua matriz energética limpa, pode explorar diversas oportunidades relacionadas às tecnologias de biocombustíveis.

Para o mercado publicitário e as empresas, a COP 28 será um termômetro dos temas que dominarão o Brasil em 2025, quando o país sediará a COP30 em Belém. Não dá para fugir da sustentabilidade, será difícil para as marcas não se posicionarem sobre esse assunto.

Ricardo Esturaro é escritor, administrador de empresas e especialista em marketing, estratégia e sustentabilidade
ricardo@esturaro.com