Nós temos muitas razões para nos preocuparmos em relação ao futuro da humanidade. A Terra já alcançou o temido aumento de temperatura de 1,5°C, em relação à era pré-industrial e os fenômenos climáticos extremos estão aí, não deixando dúvida sobre os seus efeitos catastróficos.

Eu mesmo, me pego pregando uma visão distópica do mundo, nas minhas palestras e interlocuções. E não é só em relação às questões climáticas.

No campo social, vemos a desigualdade só aumentar, com uma incômoda concentração de riqueza, em detrimento da manutenção da pobreza em países menos desenvolvidos.

Sem falar das guerras em curso. De fato, a situação é grave e exige uma mobilização de toda a sociedade para garantirmos uma reversão do processo de deterioração do nosso planeta. Mas aí nos damos conta de avanços diários na busca por energia renovável e formas produtivas mais sustentáveis.

Estes avanços não se dão necessariamente por uma tomada de consciência do mundo empresarial ou dos governos, mas, isso sim, pelo imenso potencial da chamada economia verde, que pode gerar negócios inovadores e rentáveis.

Na semana passada, acompanhando cobertura do Web Summit, que aconteceu em Portugal, tomei conhecimento da apresentação de Etosha Cave, fundadora da Twelve, que trouxe uma nova possibilidade revolucionária: transformar CO₂ em combustível sustentável.

Contando com um financiamento de US$ 645 milhões, a Twelve emerge como uma solução disruptiva para uma energia limpa e abundante. E assim vem acontecendo.

Neste exato momento, em algum lugar da Terra, tem alguém procurando desenvolver soluções viáveis para reverter a crise climática.

A própria produção de energia solar e eólica, já bastante presente em diversos países, tem crescido exponencialmente, graças a avanços tecnológicos que tornam essas fontes mais eficientes e acessíveis. Por exemplo, painéis solares de nova geração, como os perovskitas, prometem ser mais baratos e eficientes do que os tradicionais de silício.

A energia eólica offshore também está se expandindo, com turbinas maiores e mais poderosas sendo instaladas no mar, aproveitando ventos mais constantes e fortes.

A mobilidade sustentável é outra tendência irreversível, com a produção de veículos elétricos e híbridos crescendo firmemente.

A agricultura sustentável é também um campo de evolução constante, com os produtores agrícolas buscando formas inovadoras de aumentar a produtividade, usando cada vez menos recursos naturais.

A construção civil, por sua vez, passa por uma transformação, com o aumento do uso de materiais sustentáveis e técnicas de construção verde. Edifícios estão sendo projetados para serem energeticamente eficientes, utilizando tecnologias como isolamento avançado, janelas de alto desempenho e sistemas de aquecimento e resfriamento geotérmicos.

A madeira engenheirada está se tornando uma alternativa viável ao concreto e ao aço, com benefícios significativos em termos de emissões de carbono.

A transição para uma economia circular é outra tendência promissora. Esse modelo econômico visa a eliminar o desperdício e promover a reutilização, reciclagem e remanufatura de produtos.

Empresas em todo o mundo estão adotando práticas de design para a circularidade, garantindo que seus produtos possam ser facilmente desmontados e reciclados no final de sua vida útil.

Iniciativas de upcycling, onde materiais descartados são transformados em novos produtos de valor, também estão ganhando popularidade. Tudo isso serve de alento e gera um certo otimismo, que se contrapõe à visão catastrófica preponderante.

Mas isso não quer dizer que podemos baixar a guarda. Muito ao contrário: devemos ficar vigilantes, praticando ativismo e fazendo a nossa parte para garantir um planeta viável para nossos netos.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br