Escrevo este artigo em plena Quarta-Feira de Cinzas, quando se decreta o fim do Carnaval. Se bem que ultimamente não tem sido assim. Tem gente que estende a folia até o fim de semana seguinte. Mas, de qualquer maneira, quando você estiver lendo este artigo, já estaremos no período pós-Carnaval. Ufa! Finalmente deixaremos de ouvir “só depois do Carnaval” quando propomos uma conversa de negócios.

É tradição: o Brasil começa mesmo a esquentar só depois do Carnaval. Mas tivemos grande comoção, logo nos primeiros dias do ano, com o ato atabalhoado de golpistas que mais pareciam um exército de Brancaleone, invadindo Brasília para lutar por uma causa incompreensível.

E fechamos o primeiro bimestre com uma catástrofe climática que desabrigou milhares de moradores de encostas do litoral paulista, bem no meio do Carnaval.

Nossa solidariedade às vítimas dos deslizamentos decorrentes de uma chuva sem precedentes. No meio disso tudo, tivemos ainda o caso Americanas, que deixou o universo do varejo em polvorosa.

Mas uma boa parte de nós está entrando em março sã e salva. Entretanto, temos apenas um mês para “salvar” de verdade o primeiro quarto do ano. É assim que alguns (principalmente os americanos e as multinacionais) planejam seus negócios: dividindo o ano em “quarters” ou trimestres.

O primeiro trimestre de 2023, embora tenha tido grandes emoções, marcou um certo marasmo nos negócios (com exceção dos que atuam no varejo), com muitos profissionais em férias, postergando decisões para depois do Carnaval.

Felizmente o Carnaval não entrou em março e já podemos adotar um ritmo normal ainda no primeiro trimestre. Do meu lado, tive sorte (ou terá sido resultado de persistência?) de iniciar bons projetos logo no início do ano e trabalhar muito nestes dois primeiros meses do ano.

E você? Como foi o seu AC/DC (Antes do Carnaval/Depois do Carnaval)?. Pronto para pegar este ano à unha e fazer de 2023 um período especial? Quais serão suas decisões neste ano que se inicia agora, depois do Carnaval? Afinal, são as nossas decisões que fazem um ano bom ou ruim. Será que o projeto de alinhamento aos princípios ESG sai este ano?

Pergunto isso porque o que mais ouvi no ano passado foi: “talvez no ano que vem”. E aí? O ano que vem chegou. Vamos tomar coragem e abraçar uma administração com propósito, ambientalmente sustentável e socialmente responsável?

Vamos adotar uma governança mais justa e alinhada aos interesses de stakeholders – e não só aos interesses da sua empresa?

Vamos dar mais transparências às nossas ações e garantir respeito aos diferentes e minorizados? Vamos minimizar desigualdades e acabar com preconceitos de qualquer tipo?

Passado o Carnaval, nosso estoque de desculpas diminui bastante e é hora de arregaçar as mangas e ir à luta. Se bem que tem bastante gente justificando imobilidade por conta das primeiras medidas do novo governo federal.

Mas até isso ficará mais claro com o passar dos dias, quando veremos medidas concretas e não só conjecturas. Estamos todos ansiosos para ver os governantes cumprirem o que prometeram nos seus discursos de posse. Mas não devemos ficar à mercê das ações governamentais.

Estamos calejados e vacinados contra atitudes governamentais erráticas. Quem realmente quer fazer acontecer, “esquece” um pouco a movimentação política e parte para uma ação pragmática, centrada nos objetivos de negócios. E, se fizermos isso de forma competente e responsável, coisas boas acontecerão.

Então, vamos lá! Guarde a fantasia, ajude os impactados pela catástrofe das chuvas no litoral paulista e coloque seus planos para funcionar!

É hora de deixar o Carnaval para trás e pensar num ritmo para os próximos meses do ano. Que seja um ritmo forte, animado e motivador, que coloque todos para dançar ao som dos negócios sustentáveis. Vamos juntos?

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br