Lá vou eu com mais uma brincadeira com as palavras. Desta vez, embaralhei ESG no meio de DESIGN. Imagino que, ao bater os olhos, você deve ter percebido só um erro de grafia e nem ter visto ESG.

É aquela velha tática de gerar estranheza no título para induzir à leitura do texto. Espero que tenha funcionado até aqui. Pois bem, já deu pra perceber que quero tratar de design sob a ótica de ESG, não?

Na sua essência, o design serve para conceber um produto levando em conta sua beleza e funcionalidade. A ideia de inserir ESG nessa história é exatamente para agregar atributos que estão cada vez mais valorizados pelos consumidores mais atentos. É aí que aparecem os conceitos de green design ou eco design.

Numa busca que fiz no site Fast Forward Design, vejo que esses conceitos estão fundamentados sobre quatro pilares: Durabilidade (ampliar o tempo de vida do produto contribui para a diminuição do acúmulo e produção de lixo); Escolha de materiais (priorizar materiais de baixo impacto ambiental, que sejam, menos poluentes, recicláveis, biodegradáveis ou simplesmente mais duráveis); Reaproveitamento (produtos que são feitos a partir de outros, que foram descartados – aqui acrescento o aproveitamento do que não seria utilizado,

como folhas do abacaxi, que se tornam matéria-prima para produtos têxteis, ou casco de coco, que se transforma em fibra para tapetes); Eficiência energética (conceber produtos que poupam energia no processo de fabricação e/ou uso).

Mas, além desses quatro pontos, há muitos outros que devem ser considerados no contexto de design ecológico. O simples fato de buscar alternativas a matérias primas que geram impacto negativo no meio ambiente, já é uma iniciativa ambientalmente responsável.

Ao buscar a beleza de uma embalagem ou mesmo a maior durabilidade dos itens nela contidos, há, por exemplo, o uso abusivo de material plástico que, sabidamente,

é um grande vilão do meio ambiente. Basta pesquisar o estrago que essas embalagens

vêm causando nos rios e mares ao redor do mundo. Será que não há substitutos menos impactantes?

O papel, por exemplo. Tenho visto estudos comprovando a eficácia da embalagem de papel na preservação de produtos. O papel, sim, tem um processo de reciclagem eficaz e também se degrada rapidamente no meio ambiente, diminuindo significativamente o dano ambiental.

Mas não só os aspectos ambientais norteiam o conceito de design com ESG. Há também o lado social.

Lembro um case da IKEA (rede de lojas de móveis e decoração) de Israel que convocou PCDs (pessoas com deficiência) para se juntarem aos engenheiros e designers da loja para conceberem juntos produtos e acessórios que minimizassem o incômodo ou mesmo viabilizassem o uso de móveis por pessoas com problemas de mobilidade ou outras deficiências.

E assim nasceu uma ampla linha de produtos e acessórios adequados a esse público. Foram extensores de pés de sofás, tornando-os mais altos e, assim, utilizáveis por pessoas com dificuldade para sentar e se levantar; interruptores elétricos de tamanho aumentado, facilitando seu acionamento por aqueles que não têm movimento preciso.

Portas de armários que receberam uma haste adicional, para facilitar o abrir e fechar. E muitas outras soluções inclusivas. O case da Ikea é especial porque ele é resultado de um processo de empatia e colaboração, mas é também sucesso de vendas.

Afinal, estima-se em 10% a participação de PCDs na população de Israel, onde a ideia foi colocada em prática. São novos consumidores agregados à base da rede de lojas. Esses aspectos estão sendo levados em conta, cada vez mais, pelos consumidores conscientes, principalmente os da tal geração Z, que tendem a escolher produtos e serviços alinhados aos princípios de responsabilidade ambiental, social e de governança.

Você pode continuar escrevendo design na sua forma original, mas não dá para deixar ESG de fora. Viva o DESGIN!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br