Este 4 de outubro de 2025 ficará marcado como o sábado em que o mercado acordou com a notícia da morte de mais um ícone da propaganda brasileira: o grande Sergio Amado. O publicitário estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e morreu aos 77 anos.
A notícia pegou o mercado de surpresa. Jovem ainda, nos bastidores ninguém comentava que ele enfrentava problemas de saúde. O publicitário baiano deixa o legado de um gigante. O executivo liderou por duas décadas o Grupo Ogilvy, além de ter participado do board global da rede.
Amado é daqueles publicitários brasileiros admirados pelos gringos. Ele ganhou espaço e cresceu muito no WPP, grupo controlador da Ogilvy e outras grandes agências, como VML. Todo profissional que atua - ou já trabalhou - em holdings de comunicação conhece as dificuldades para conquistar a confiança dos boards globais, principalmente em um cargo C-level, como ocupou por mais de uma década. Mas ele foi lá e fez.
Sergio Amado faz parte da safra de publicitários baianos talentosos que migraram para São Paulo, fizeram a diferença no mercado e deixam sua marca na indústria, como Nizan Guanaes, fundador da N.ideias, e Sergio Gordilho, CCO e sócio da Africa Creative.
Conhecido por seu perfil de negociador voraz e ao mesmo tempo um gentleman, Amado foi um dos responsáveis por manter a Ogilvy como uma das maiores agências do país em faturamento e ajudou a reinventar seu legado como uma das mais criativas internacionalmente.
Em 2013, o escritório brasileiro foi, nada mais nada menos, do que o primeiro da rede em todo o mundo a ser reconhecido como Agency of the Year no prestigiado Cannes Lions, com a conquista de 35 Leões no festival daquele ano.
O publicitário baiano também faz parte do grupo de brasileiros envolvidos diretamente no lançamento da David, em 2011, da qual teve uma participação ativa. A agência nasceu dentro da Ogilvy, a partir da ideia dos brasileiros Luiz Fernando Musa e Anselmo Ramos, e o argentino Gaston Bigio, que tiveram total apoio de Amado e do grupo. Lançada no ano do centenário de David Ogilvy, a agência, que leva o primeiro nome de seu fundador e é totalmente inspirada em seus conceitos, em pouco tempo ganhou fama por seu DNA criativo, sendo superpremiada e considerada uma aposta acertada dentro do WPP.
A trajetória de Amado na Ogilvy encerrou-se em 2017, mas mesmo ali ele não se desligaria do Grupo WPP. Na sequência, ele assumiu a posição de country manager do grupo no Brasil, onde permaneceu por cerca de dois anos. Em novembro de 2021, foi anunciado como advisor da S4 Capital, de Martin Sorrell, com quem trabalhou no WPP, iniciando uma nova fase de sua carreira.
Ultimamente, Amado estava mais afastado dos holofotes, mas nunca esquecido, como demonstram os textos e posts escritos nas redes sociais por líderes do mercado que trabalharam ao seu lado - ou não, lamentando a sua partida. E as homenagens não param, como mostram os anúncios de agências e entidades nas páginas deste jornal. Um tributo do tamanho que ele merece. Assim como o propmark faz nesta edição. R.I.P., Sergio Amado.
Óculos da moda
A reportagem de capa desta semana faz um raio X do setor óptico, que vive um boom no número de franquias, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Entre as redes com maior presença nacional, em ordem decrescente, Óticas Carol, Chilli Beans e Óticas Diniz figuram entre as 15 maiores do país, somando mais de 3,8 mil unidades.
De olho em consumidores cada vez mais preocupados com o bem-estar e a saúde, são marcas que ampliam a atuação surfando a onda que transformou os óculos (mesmo os de grau) em acessório de moda e estilo, com campanhas que traduzem o momento.
Frase
“Seguir uma meta sem hesitar: eis o segredo do sucesso” (Anna Pavlova, bailarina russa).
Armando Ferrentini é publisher do propmark