“Treinei meu olhar para identificar o extraordinário no ordinário, enxergar além das aparências e compreender a diversidade do mundo ao meu redor”
Desde os primeiros passos, sempre fui aquela criança que deixava os adultos de cabelo em pé com uma infinidade de perguntas. Cresci com uma sede insaciável de conhecimento, querendo experimentar um pouco de tudo. No meio desse turbilhão de interesses, surgiram sonhos efêmeros: tocar piano, ser cantor, até mesmo explorar a arte da pintura. No entanto, foi na dança contemporânea e no teatro alternativo que encontrei minha verdadeira paixão.
Essa jornada de autodescoberta me fez perceber que meu mundo é feito de contrastes, onde a luz e as sombras se misturam em uma dança incessante. Lembro da primeira vez que me deparei com uma luz negra e um globo de espelhos girando, um momento marcante que despertou minha curiosidade e me lançou em uma busca constante por novas experiências. A partir daí, mergulhei de cabeça no universo da observação e absorção.
Treinei meu olhar para identificar o extraordinário no ordinário, para enxergar além das aparências e compreender a diversidade do mundo ao meu redor. Desde uma simples planta até uma obra de arte complexa, tudo tem o potencial de despertar minha criatividade e inspiração.
Minha vida é uma mistura eclética de momentos e interesses. Desde os melhores museus até as sombras das festas underground, cada experiência contribui para a construção da minha identidade artística. Sou apaixonado tanto por música eletrônica quanto por ópera, fascinado pelo figurativo e pelo abstrato, e sempre aberto a novas descobertas.
Para mim, a inspiração está em todos os lugares. Da grandiosidade da arquitetura às coisas simples da natureza, cada detalhe conta uma história e oferece uma oportunidade de crescimento e aprendizado. Não há limites para o que pode me inspirar: história, geografia, antropologia, ecologia, cultura popular e, até mesmo, os ciclos da lua e as marés do oceano.
Além dessas diversas facetas que compõem minha jornada artística, uma das experiências mais marcantes e transformadoras foi minha trajetória como bailarino no renomado grupo Marzipan. Foi lá que descobri o poder da expressão corporal como uma forma única de contar histórias e transmitir emoções.
Nos ensaios intensos e nas apresentações vibrantes, mergulhei em um universo onde o movimento se tornava uma linguagem própria, capaz de transcender barreiras e conectar pessoas de diferentes origens e culturas. Cada coreografia era um desafio, uma oportunidade de explorar os limites do meu corpo e descobrir novas formas de expressão.
No palco, sob os holofotes, experimentei a sensação indescritível de estar totalmente presente no momento, entregando-me completamente à música e ao movimento. O grupo Marzipan não apenas me proporcionou um espaço para desenvolver minhas habilidades técnicas, mas também me ensinou importantes lições sobre trabalho em equipe, disciplina e resiliência.
Além disso, ao longo da minha jornada artística, tive o privilégio de criar bailes e festas icônicas na efervescente cena noturna da cidade de São Paulo. Nos clubs de música eletrônica que abri, leia-se Royal, Lions, Yacht e, mais recentemente, Jerome, pude compartilhar minha paixão pela música eletrônica e proporcionar experiências memoráveis aos frequentadores desses locais. Cada evento foi uma oportunidade de mergulhar ainda mais fundo na minha paixão pela música, explorando novas sonoridades, estilos e atmosferas.
Além das criações nos bailes, tive a honra de dirigir inúmeros desfiles no São Paulo Fashion Week, trabalhando ao lado de modelos renomadas como Naomi e Gisele. Essa experiência no mundo da moda ampliou ainda mais minha compreensão sobre a expressão corporal e a importância da estética na comunicação artística.
E, 25 anos após minha jornada com o grupo Marzipan, tive a gratificante oportunidade de testemunhar seu reconhecimento, quando o grupo ganhou um prestigiado prêmio do banco Itaú para montar um espetáculo sobre a passagem do tempo. Esse momento foi não apenas uma celebração da trajetória do grupo, mas também uma reflexão sobre a evolução da arte e do próprio indivíduo ao longo dos anos.
Assim, minha experiência como bailarino, criador de eventos, diretor de desfiles e observador do tempo na cena cultural de São Paulo se entrelaça com minha jornada artística mais ampla, enriquecendo-a com cores vibrantes, ritmos pulsantes e uma profunda apreciação pelo contínuo fluxo da vida e da arte. É uma parte essencial da minha história, uma celebração da diversidade e da criatividade que permeiam cada aspecto da minha vida.
Cacá Ribeiro é associado de criação e lifestyle da RedDoor Agency