O Brasil precisa urgentemente de um grande movimento de reorganização cultural. A toxidade pseudointelectual que acometeu a sociedade em anos recentes exige um processo intenso de “deslavagem” cerebral. Todos precisam retornar aos bancos escolares, ainda que virtuais. Estudar história, geografia, filosofia, estudar, estudar, estudar, para compreender contextos e restabelecer parâmetros.
A disputa recente, dita ideológica, que impôs uma doutrinação implacável às mentes dos brasileiros, através de processos estúpidos de mera repetição de conceitos sem nenhuma base em fatos, foi devastadora.
De empresários a caixas de supermercado, cada qual se crê proprietário de alguma opinião, tomada de ouvido, nas redes sociais, num culto evangélico, num comício, num programa de televisão...
Os objetivos, incorporados sem maiores questionamentos, são de curto prazo e sustentados em argumentos rasos. Chama-se a essa mediocridade instalada de posicionamento político.
A estupidez afirmativa ganhou tamanho espaço que suplantou sentimentos ou compromissos morais, e se estabeleceu como medida para aproximar-se ou distanciar-se do outro.
A inteligência dos brasileiros foi domada e reduzida a uma mera captadora e reprodutora de idiotices, no atendimento de alguma forma de tomada de poder, seja pelo voto, seja no estímulo a um golpe de estado. Sairemos desse processo como um povo menor – de um lado, uma grande massa miserável, atenta ao pagamento do bolsa-família; de outro, uma parcela significativa, mais abastada, vigilante à ameaça do comunismo. É o legado que quatro anos de governo Bozo e de 45 dias de uma campanha eleitoral criminosa deixam para a nação brasileira.
Nossas mentes, por tempo demasiado, foram bombardeadas implacavelmente pelos inimigos do saber e da independência intelectual. Conversar com representantes de certos segmentos, hoje em dia, é como percorrer escombros do que um dia pode ter sido uma cabeça pensante. Há uma ocupação assustadora das consciências, denunciada através de slogans com vida própria, independentes de quem os profira. Certamente, isso não é novo, e já foi experimentado por líderes cruéis ao longo da história da humanidade, com efeitos trágicos sobre populações.
Trata-se de informação relevante, portanto, que precisa vir à tona e ser exposta maciçamente para que os brasileiros retomem o controle de sua capacidade de raciocinar. É gigantesca a missão daqueles a quem caberá reconstruir a cultura brasileira. Desafio que se faz ainda maior, quando se deseja que a democracia seja respeitada, bem como a liberdade de expressão do contraditório. Isso exige tempo, paciência e resiliência.
As lideranças honestas – religiosas, políticas, educadoras etc. – têm muito a fazer nesse processo de descontaminação. E as agências de publicidade podem colaborar imensamente, propondo a seus clientes campanhas de resgate do bom senso, da inteligência e da convivência amistosa entre os brasileiros.
Afinal, a volta a um Brasil pleno de civilização é do interesse de todos.