Buscar a plenitude sempre foi e continua sendo o meu grande objetivo na vida. Acredito que tem a ver com a criação que eu tive.
Minha mãe é artista plástica e sempre pude desfrutar da liberdade de expressar a minha opinião, de ser analítica e olhar para o mundo de maneira crítica, sendo eu mesma. Desse modo, consegui fazer aflorar, desde cedo, a minha criatividade.
O que também ajudou nesse processo foi a paixão pelo cinema, aliado ao trabalho desenvolvido pela minha mãe, que, por exemplo, era responsável pela cenografia de minhas festas na infância e isso foi incrível porque sempre ficava na expectativa.
Quando entrei para a faculdade de arquitetura no interior de Minas Gerais, eu sabia de 2 coisas: que mudaria para São Paulo e iria atuar na área de cenografia - nem pensava em construção civil.
Foi assim que aprendi que todos precisam buscar o que os torna felizes e ter a possibilidade de viver na pele uma história bem contada.
Outro ponto que sempre ajudou foi o meu prazer em viajar.
Um talento que tenho é a percepção do design em tudo que vejo. Sempre direciono meu olhar a entender como as pessoas estão se sentindo em diferentes experiências e reflito sobre como posso transmitir essa sensação nos projetos.
Habitualmente me interesso em entender o desejo das pessoas e o que as estimula. Esse modo de pensar e agir contribui para que as pessoas vivenciem uma experiência. Já entendi que indivíduos felizes se mostram mais sociáveis, energéticos, empáticos e cooperativos.
Desse modo, em qualquer oportunidade, é imprescindível proporcionar momentos agradáveis.
A felicidade é um sentimento amplo e interfere em todos os aspectos de nossas vidas.
Quem é impulsionado por intervenções positivas é mais feliz e não precisa ser nenhum expert para entender isso.
Hoje, quando nos debruçamos sobre nossos projetos de design de entretenimento, além de todos os aspectos técnicos, sabemos que a pessoa que será atingida é um ser humano digno, que merece respeito e precisa ficar encantado e satisfeito, pois assim beneficiamos não só a nós mesmos, mas também nossos parceiros, familiares e num campo mais amplo, a comunidade inserida no projeto e a sociedade em geral.
Em razão disso, estou sempre em constante atualização.
Vivo pesquisando, buscando novidades e praticando o desapego - trabalhar com cenografia é praticar a renúncia a cada projeto. Isso é enriquecedor e amplia a nossa fonte de inspiração.
Quando estou em outro país, experimento culturas diferentes, gastronomia, cheiros diferentes, histórias diferentes, porque eu sei que posso usar o conhecimento para aplicar nos projetos que desenvolvo e também na vida social, afinal procuro exercitar aquilo em que eu acredito e, dessa forma, envolver todos que estão à minha volta.
Por vezes, me perguntam como manter o alto-astral em um momento tão difícil quanto este que passamos, afinal estamos deixando uma pandemia terrível de lado. Eu respondo que não existe uma receita de bolo para isso, que as pessoas são diferentes e é preciso respeitar a individualidade de cada um, mas, de um modo geral, digo: vá jantar com um amigo, com o seu parceiro, vá ao teatro, ao cinema.
Tire férias ou mesmo alguns dias de folga. Busque uma experiência nova ou repita aquela que te faz bem. Isso te garante um repertório importante e permite que se coloque a criatividade em níveis ilimitados.
Deza Abdanur é sócia-fundadora do Studio Panda e sócia da Guilt