A máxima de que viajar é um dos melhores investimentos pessoais, nunca me pareceu tão real e tangível. Recentemente retornei de um período de férias no Japão, país que respira tecnologia e inovação. Foi uma experiência transformadora, especialmente para um profissional de marketing atuando no digital out of home (DOOH).

Andando por Tóquio, fiquei encantado com o impacto visual da metrópole, um contraste perfeito entre espiritualidade, tradição e a modernidade nipônica. A cidade possui desde áreas que mantêm características milenares - com ruas estreitas, templos antigos, lanternas de papel e construções de madeira preservadas - até bairros verticais ultramodernos, rodeados por neons e grandes painéis digitais. É algo completamente fascinante!

Em meio aos grandes arranha-céus espelhados, logo nos primeiros dias de viagem, me deparei com um anúncio de DOOH, que acabou se tornando um marco na minha viagem. Era a propaganda de uma bebida, cujo topo da lata se abria por completo e revelava uma fatia de limão no interior. O impacto visual foi tão grande, que saí à procura do produto para experimentá-lo.

O DOOH na região é praticamente onipresente e o que mais me chamou a atenção foi perceber que, mesmo em outro idioma, essa peça despertou em mim curiosidade imediata e engajamento real, culminando na busca do produto e compra. Isso mostra o poder que o meio possui para causar reconhecimento de marca e impacto no comportamento das pessoas.

O que mais me impressionou foi como o meio passou a compor, de forma natural, a identidade visual de Tóquio. Em áreas como Shibuya, os painéis digitais não apenas convivem com a paisagem urbana, eles ajudam a defini-la. É impossível imaginar a cidade sem essa presença. O OOH não é um ruído, é parte da estética, da pulsação e da experiência visual da metrópole.

Recentemente assumi um novo desafio profissional, à frente da operação latino-americana de uma empresa global especializada em soluções tecnológicas para o
OOH e, mesmo que essa viagem não tivesse qualquer objetivo profissional, foi impossível dissociar esse olhar. Os estímulos visuais vinham de todos os lados e constituem uma verdadeira fonte de inspiração para mim (e acredito que para o OOH brasileiro como um todo).

Uma das características mais marcantes do DOOH no Japão é sua capacidade de se integrar de forma fluida à dinâmica da cidade e ao comportamento das pessoas. Mesmo em locais de grande circulação, as campanhas são planejadas para dialogar com o momento, o ambiente e o fluxo urbano. Em muitos casos, os conteúdos exibidos variam conforme o horário, a sazonalidade ou o volume de pessoas no entorno, mostrando como o uso inteligente de dados e contexto pode torná-lo um meio altamente responsivo e relevante.

Parece que, por lá, marcas e agências seguem à risca as boas práticas do setor, com atenção à estética, clareza da mensagem, ao contexto e à experiência do público. Não se trata apenas de tecnologia pela tecnologia, mas de criar experiências publicitárias que realmente façam sentido dentro da rotina das pessoas e da paisagem da cidade. Pense na criação de experiências imersivas hiper-realistas.

Não há melhor referência do que o Japão nesse aspecto. Um dos principais exemplos dessas campanhas ficou conhecido mundialmente, com uma produção que trazia gatos 3D gigantes pulando em displays digitais em Shinjuku, desafiando até mesmo as limitações da tela. Totalmente fora da caixa, literalmente!

Voltei das férias revigorado e mais do que inspirado, com a certeza de que é possível gerar impacto duradouro por meio do OOH. Muito do cenário japonês pode ser utilizado para o crescimento do setor no Brasil, mas o principal ingrediente, que é a criatividade, nosso povo tem de sobra.

Renato Maria é country manager da Vistar Media