Os americanos são pródigos na criação de siglas, abreviações e acrônimos que acabam adotados pelo mundo todo, em função da penetração internacional da língua inglesa, principalmente no mundo dos negócios.

O nosso mundo de mudanças rápidas e constantes gerou a expressão VUCA:  Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade).

Decorrente do VUCA, veio o FOMO: Fear of Missing Out – medo de perder informações, de ficar por fora, de não estar antenado às mudanças.

Aí, como contraponto ao FOMO, surgiu JOMO: Joy of Missing Out – prazer em não acompanhar tudo em tempo real, de se desconectar de vez em quando.

Mas o mundo não para e a geração Z (a Gen Z, dos nascidos entre 2000 e 2010) parece acometida do tal FOBO: Fear of Better Options – medo de preterir melhores opções.

A expressão foi usada mais recentemente pela McKinsey, na sua série de estudos e conteúdos “Mind the gap”, dirigida à geração Z, com o sentido de Fear of Becoming Obsolete – medo de se tornar obsoleto.

Na sua versão original, FOBO reflete a dificuldade de se tomar decisões num mundo onde sempre parece ter uma oportunidade melhor. O comportamento FOBO pode se dar tanto na vida pessoal como profissional.

É a dificuldade em escolher o que comer no meio a tantas opções de cardápio ou a de adotar um caminho profissional que pode se mostrar equivocado ao longo do tempo.

Já a versão da McKinsey se apoia numa pesquisa do Gallup que mostra que a geração Z é a que tem mais receio de se tornar obsoleta, em função da ameaça da inteligência artificial generativa de tornar sua atividade sem serventia no futuro próximo.

A carência de profissionais da área de tecnologia é muito grande e estima-se que pode beirar a um milhão de vagas não preenchidas até 2030 no Brasil. Mas, ao mesmo tempo, os recursos aparentemente ilimitados da IA assustam os jovens que estão na fase de optar por uma formação e capacitação que tenha fit com o futuro, que garantam boa empregabilidade.

De fato, não é simples. Os “e se” atormentam esses jovens, gerando o tal FOBO.

E se... as máquinas tornarem a minha função obsoleta? E se... meus estudos não servirem para nada no futuro? Mas existe o caminho paralelo dos soft skills que podem ajudar.

Soft skills são habilidades sociais que estão relacionadas ao comportamento. Criatividade, comunicação, inteligência emocional, liderança, colaboração, sensibilidade, empatia são alguns desses soft skills, que podem destacar profissionais, em paralelo às suas habilidades técnicas e funcionais.

De acordo com pesquisa da iCIMS, 94% dos profissionais de RH entrevistados acreditam que profissionais com soft skills bem desenvolvidos ocuparão lugar de destaque nos processos seletivos.

Puxando a brasa para minha sardinha, eu quero acrescentar o conhecimento ESG como um diferencial dentro do campo dos soft skills.

A flagrante necessidade de se desenvolver um ambiente inclusivo, ambiental e socialmente responsável nas empresas, gera a oportunidade de absorção de talentos mais sensíveis e antenados com a nova ordem mundial.

Não há empresa no mundo que pode se dar o direito de ficar alheia ao aquecimento global e às ameaças climáticas.

Da mesma forma, diversidade, equidade e inclusão são termos que estão na pauta de conselhos e gestores de empresas de todos os portes e setores da economia.

Portanto, se você está acometido do FOBO, seja ele na sua versão original – do excesso de opções – ou da nova versão – do receio de ficar obsoleto –, veja nos princípios ESG um caminho a trilhar na sua vida profissional.

Não tenha receio! O futuro pertence aos mais sensíveis, colaborativos, respeitosos, empáticos, inclusivos, éticos e diversos. Quem viver, verá!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br