A matéria de capa do PROPMARK da semana passada focou o boom dos eventos presenciais e o consequente reaquecimento do setor de live marketing.

Como sempre, uma matéria muito bem elaborada, trazendo o testemunho de
diversos players do mercado. Só senti falta da visão ESG nos eventos. Sendo um setor econômico bastante importante, os eventos não podem ficar de fora dessa onda ESG.

Ao contrário, pela sua visibilidade e capacidade de engajar muitas pessoas, os eventos tendem a se tornar vitrine para as empresas, que deverão se preocupar em fazer dessas atividades exemplos de atuação em sintonia com os princípios de respeito ambiental, reponsabilidade social e de governança ética e transparente.

Na área ambiental: Fazer o uso racional dos recursos naturais (pensar numa
cenografia que use materiais reciclados, por exemplo); Reduzir a emissão de gases de efeito estufa (ar-condicionado que não use gases que causam efeito estufa, por exemplo); Zerar desperdícios (uso de cenografia e materiais que possam ser reaproveitados).

Dimensionar alimentos de forma consciente, evitando desperdício. Não usar garrafas de água descartáveis, dando preferência para o uso de squeezes, copos de vidro ou garrafas reutilizáveis); Buscar a plena eficiência energética (iluminação natural e/ou uso de energia alternativa. Uso de LED); Tratar os resíduos sólidos (prever a coleta e o direcionamento correto do lixo derivado de um evento. Facilitar a localização de coletores de lixo).

Na área social: Melhorar as condições e as relações de trabalho (evitar carga horária excessiva - as tais “viradas noturnas”. Não ser condescendente com políticas inadequadas de fornecedores. Exigir regularidade trabalhista).

Estimular políticas de inclusão e diversidade (observar equilíbrio de gêneros. Buscar diversidade racial, sexual e etária entre os profissionais envolvidos no evento. Incluir pessoas com algum tipo de deficiência).

Adaptar os espaços para acesso de PCDs (pessoas com algum tipo de deficiência); Treinamento adequado para os funcionários; Respeitar os direitos humanos em todas suas vertentes; Garantir a privacidade e a segurança de dados de funcionários e clientes; Promover impacto positivo por intermédio do evento.

Em relação à governança corporativa: Garantir remuneração justa para todos; Ter tratamento respeitoso em todas as esferas e entre todos os stakeholders; Seguir condutas éticas e anticorrupção nos negócios; Abolir práticas leoninas, sem a imposição de condições irreais a seus fornecedores, seja de preço ou de prazos; Praticar transparência fiscal; Impedir casos de assédio, discriminação e preconceito.

Essas práticas devem permear todo o ecossistema dos eventos, envolvendo desde o cliente contratante até o fornecedor de pequeno porte. Por isso tudo, senti falta dessa abordagem.

Até porque as grandes empresas tendem a exigir de suas agências e fornecedores um alinhamento à agenda ESG no momento da contratação de seus serviços.

Em recente pesquisa realizada pela CBIE (Câmara Brasileira da Indústria de Eventos), em parceria com a EventoÚnico, sob coordenação da minha ESG4, 52% dos contratantes de serviços de live marketing dizem privilegiar propostas alinhadas aos princípios ESG.

Para 14%, o alinhamento já é mandatório. E a tendência é esse percentual crescer, na esteira da pressão sobre as empresas em adotarem práticas em compliance com a agenda ESG.

Segundo os respondentes da pesquisa (gestores de eventos de empresas), o maior entrave está no conhecimento: 72% declararam que a falta de expertise de todos
os envolvidos é que impede uma maior incidência de projetos sustentáveis, com aplicação de práticas de governança ESG.

Para suprir essa carência, eu estarei ministrando, em parceria com a EventoÚnico, o primeiro workshop totalmente voltado à aplicação dos princípios ESG nos eventos. Espero encontrar lá os principais players do setor.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br