O que os gurus pedirem para você fazer, faça ao contrário. Menos aquilo que sua mãe não aprovaria. Essa é a exceção que vem com a regra.

Quando alguém diz para fazer uma coisa, ouça com atenção e faça outra. Pois no geral quem quer convencer a audiência, o faz em próprio benefício. Quem fala muito em virtude é porque pratica o vício. Algumas coisas não devem ser ditas, apenas feitas.

O Keith Richards, como figura retórica, fazendo um TED sobre o perigo das drogas? Fuja! Corra dos conselhos. Inclusive deste. Apenas faça o que precisa ser feito do jeito que você acredita. E, na dúvida, pergunte a sua mãe se ela aprova a sua atitude.

Desconfie. Desconfie de quem apresenta soluções mágicas ou mostra o caminho do sucesso para você trilhar. Ou que todos deveríamos seguir  “aquele caminho” para termos um mundo e um mercado melhor. Isso é posicionamento comercial, não altruísmo. Quem está fazendo o próprio caminho não tem tempo para ensinar os outros. A não ser pelo exemplo. Mas daí é você que aprende, e não alguém que está te ensinando.

Corra dos libertadores da liberdade de expressão. Esses querem ser a única voz a ter esse privilégio. Livre-se dos influencers. Fazem dinheiro com sua atenção. Escape daqueles que dizem que vai dar certo com você, pois deu certo com eles. Esses são os mais tinhosos. E daqueles de coração bondoso seletivo. Egotrip.

Se alguém fala que aquilo que você gosta de fazer não compensa mais ser feito, dê um passo atrás. Quem quer destruir algo só o faz para lucrar mais. Vale para qualquer área da comunicação e tecnologia. Na maioria das vezes, existem interesses comerciais em outra direção. Não dê uma segunda chance para quem, na primeira lá no passado, não a utilizou para colocar o seu discurso atual em prática. Fazer o correto não pode estar atrelado a ser bem-sucedido primeiro para depois de uma vida se arrepender e pregar a virtude. Vaza!

Afirmam que tal caminho não vale mais, que o melhor é o outro? Inverta. Não acredite. Se proclamam que a criatividade acabou, pode ter certeza de que atualmente somos mais criativos do que jamais fomos. A IA vai acabar com tudo?

Estude e domine a IA, pois ela vai equalizar o seu talento com uma inteligência descomunal. É preciso estudar e reverenciar o que foi feito, mas vamos seguir em frente, vamos? O mundo ficou diferente, complexo e  soluções simples e de prateleira não vão funcionar.

Prêmios não servem para nada? Num mundo global vale a pena a sua obra também ser global. Se fizesse cinema adoraria ter nível para Oscar. Como faço publicidade, entendo que Cannes é fundamental. Ainda mais com trabalho do dia a dia. Pedem para não usar jargões em inglês? Everybody wants to rule the world.

Corra. A criatividade está na originalidade, no caminho contrário do comum e da expectativa das pessoas sobre o que deveria acontecer. Com tanta gente fazendo coaching, training e mentoring, em meio a uma infinidade de gurus dizendo o que temos de fazer, faz mais sentido saber que nada sabemos, que devemos fazer exatamente o que acreditamos que deve ser feito.

Faz 20 anos que ouço que publicidade acabou e os que dizem isso ainda ganham dinheiro com publicidade e são convidados a falar sobre publicidade. O virtuoso não fala de sua virtude ou não precisa acabar com o que existe para ter sucesso. “Declare guerra a quem finge te amar. A vida anda ruim na aldeia. Chega de passar a mão na cabeça de quem te sacaneia”. Não esqueça, na dúvida faça ao contrário. Mas pergunte antes para sua mãe se tudo bem.

Flavio Waiteman é sócio e CCO da Tech&Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br