O funil de vendas criado em 1898 pelo publicitário americano Elias St. Elmo Lewis inspirou milhares de marcas mundo afora a criarem suas estratégias de comunicação. A forma do utensílio culinário atravessou séculos e migrou para as mídias digitais com diversas configurações e a mais usada hoje em dia o subdivide em três partes:  conhecimento, consideração e conversão.

Mas, nos últimos tempos, o ser humano e sua interação com a tecnologia deixou tudo tão mais complexo, que fiquei imaginando novas ferramentas, inspiradas na cozinha, que poderiam nos ajudar a melhorar a indústria da comunicação.

A peneira. A peneira, que separa cereais bons de impurezas, pedrinhas etc., como esquemática tecnológica dentro da estratégia de comunicação, traria mais qualidade aos dados e resultados. Poderia separar, por exemplo, os bots dos seres humanos reais nos resultados de engajamento. Identificar bots é mais do que uma questão técnica. É uma decisão. Se o próprio Elon Musk sugeriu pagar menos pela plataforma de mensagens, alegando que a quantidade de bots era maior do que anunciada no balanço (What?!!!)  por que não fazermos o mesmo? Imagine selos antibots, valorizando cada click que os nossos clientes recebem.  A peneira de dados traria mais qualidade e transparência à comunicação comercial.

O ralador de quatro lados. Quando você deixa as coisas em fatias, pode organizá-las melhor. O ralador de quatro lados, que retalha queijos, tritura beterrabas e desenha fatias de cenoura na cozinha, teria a função esquemática na comunicação, de separar a realidade que vivemos das tentativas de manipulação de fatos, que na maioria das vezes geram muita atenção pela polêmica e acabam atraindo verbas publicitárias de empresas que nem imaginam o que estão financiando. Governança pura. Cada face do ralador teria uma função. Uma delas poderia ser um consórcio de meios de imprensa profissional, que separariam uma notícia falsa de fake news. Sem opinião. Ou seja, o jornalismo em essência.

A ideia do ralador, admito, veio do consórcio de imprensa na época da pandemia. Eles se juntaram para assegurar a veracidade do número de óbitos da Covid no Brasil. E, por mais que as redes sociais tentassem sabotar ou desqualificar esses números, esse consórcio teve autoridade e respeito coletivo. Foi um sinal de que fake news tem jeito.

Todos aceitavam o número como verdade, pois errar para um veículo ou pessoa digital ainda é diferente de errar para uma empresa ou pessoa física. Enfim, essa invenção de François Boullier de 1500 poderia ajudar a publicidade a evitar que veículos de comunicação extremistas ganhem dinheiro da publicidade comercial para seus projetos com fins pouco claros.

E, finalmente, o amassador de alho. Imagine uma ferramenta de análise que mostre a real essência dos influenciadores e criadores de conteúdo, descontando as fazendas de clicks, por exemplo. Assim como o que sai do espremedor de alho é pura massa de alho, sem a casca, esse modelo matemático ajudaria a criar estratégias certeiras de conteúdo relevante para as marcas. Bem, está claro que a percepção humana está cercada de novos desafios. E você, qual outro utensílio sugeriria além do funil?

Flavio Waiteman é CCO-founder da Tech and Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br