Dez de cada dez executivos do mercado de comunicação têm uma preocupação em comum atualmente: atrair e reter talentos. As conversas sempre giram em torno da necessidade de treinar o pessoal, essencialmente diante das demandas do digital, aculturar esses profissionais e oferecer experiências marcantes para que eles fiquem nas empresas.

Pesquisas indicam que a geração Z valoriza boas experiências e não apenas salário. Como gostam de inovação e oportunidades desafiadoras, um dos principais objetivos é colecionar bons momentos dentro da vida profissional. É uma geração que também tem um cuidado maior com a saúde mental do que as gerações anteriores e está alinhada aos princípios ESG.

E como a comunicação é um mercado que depende estritamente do talento humano, o problema vem se tornando cada vez mais sério diante desse novo perfil profissional e da era digital, que exige experiência multidisciplinar. Para sanar o problema da alta rotatividade, algumas agências, adtechs e empresas afins também buscam candidatos nas universidades para formar esses jovens.

As soluções vão além do olhar clássico de recursos humanos, que  continua valendo, mas passou a agregar novas demandas que ultrapassam a fronteira processual dos benefícios, promoções e de dinheiro. Agora é preciso propor interesse real para assegurar, por meio de investimento constante, a evolução dos talentos com programas de gestão que entraram na pauta dos C-Levels para evitar rotatividade, que quase sempre é fomentada por ofertas financeiras que, porém, nem sempre são garantia de fidelização.

Matéria desta edição mostra a abertura de empresas especializadas, sobretudo para o preenchimento do vácuo digital. A New Vegas, por exemplo, lançou recentemente a NVX, Talent Tech Co, spin-off com plano de acelerar “de forma humanizada” a transformação digital das marcas com oferta de curadoria de talentos da nova economia.“Nós treinamos as equipes com a visão, a missão e os valores da New Vegas. Essas equipes estão orientadas a desenvolver soluções que influenciam na boa qualidade das relações entre pessoas e marcas de forma culturalmente relevante, socialmente responsável e economicamente sustentável”, detalha Ian Black, CEO, fundador e sócio da New Vegas.  

Mas, é óbvio, tudo isso cai por terra se a economia não andar bem. Na medida em que a economia do país cresce de forma irrelevante, fica estagnada ou até mesmo encolhe, como ocorreu nos últimos anos em razão da pandemia da Covid-19, as vagas de emprego naturalmente diminuem. Menos demanda por produtos e serviços, menos oferta de empregos. Aí a chamada geração Z terá de aceitar – se não é que isso já não está acontecendo em muitos setores – as oportunidades de trabalho que encontrar, por mais que o emprego não seja nem de longe o que esse jovem sonhara para si.

A geração Z veio no rescaldo de gerações que desfrutaram bons momentos econômicos no Brasil da década de 1990 e primeira década do novo milênio. Talvez daí venha o nível elevado de exigências dessa geração em relação ao que querem em termos de trabalho. Mas a realidade sempre se impõe aos desejos que, não raro, se tornam devaneios. No fim das contas, quem dita as regras de emprego é a economia. Quanto pior ela estiver, mais jovens da geração Z vão se ver obrigados a aceitar o que tem para hoje.      

Prêmio Colunistas Brasil
Nesta edição, o leitor encontrará os trabalhos mais premiados pelo júri do Colunistas Brasil 2021/22. Foram concedidos 66 prêmios, sendo 13 Grandes Prêmios e 53 Medalhas de Ouro. As cinco agências mais premiadas foram Africa, AlmapBBDO, Dream Factory, Propeg e Bolero. Com 53 anos de história, o Prêmio Colunistas é a mais antiga e tradicional premiação de comunicação de marketing do Brasil. É organizado pela Associação Brasileira dos Colunistas de Marketing e Propaganda (Abracomp), com o apoio do PROPMARK.

Armando Ferrentini é publisher do PROPMARK