O Brasil tem um compromisso ambicioso em relação à recuperação de áreas degradadas no seu território: são 12 milhões de hectares a serem recuperados até 2030, conforme a NDC – Contribuição Nacionalmente Determinada assumida no Acordo de Paris.

Se, por um lado, nosso país se destaca positivamente quanto à matriz energética (uma das mais sustentáveis do mundo), por outro, temos a grande mazela do desmatamento.

O desmatamento é uma das principais causas da perda de biodiversidade e da degradação dos ecossistemas. As florestas desempenham um papel crucial na absorção de dióxido de carbono (CO2), sendo verdadeiros pulmões do planeta.

Contudo, o desmatamento, especialmente na Amazônia, continua a ser um problema grave, contribuindo significativamente para o aquecimento global.

A reversão do desmatamento, portanto, é um compromisso importante. Mas o que é um compromisso é também uma excelente oportunidade.

Nosso país pode e deve se posicionar como um grande player da economia verde. A economia verde surge como uma resposta inovadora e necessária para enfrentar os desafios ambientais do século 21.

Este modelo econômico prioriza a sustentabilidade, buscando conciliar crescimento econômico com a preservação do meio ambiente.

O mercado de créditos de carbono, por exemplo, ainda não foi regulamentado, estando restrito ainda ao mercado voluntário, mas representa um imenso potencial para o Brasil. Os créditos de carbono são um dos pilares mais promissores da economia verde.

Eles funcionam como um mecanismo de compensação ambiental, onde empresas e países que excedem suas emissões de gases de efeito estufa podem comprar créditos de outros que não utilizam toda a sua cota.

Esse sistema não só incentiva a redução das emissões, como também promove investimentos em tecnologias limpas e em projetos de reflorestamento e conservação ambiental. Embora ainda não regulamentado, o mercado de carbono está em expansão e vem movimentando centenas de bilhões de dólares.

Esse crescimento reflete a crescente conscientização sobre a importância de mitigar as mudanças climáticas e a adesão de mais nações ao Acordo de Paris.

Empresas que investem em créditos de carbono não apenas contribuem para um futuro mais sustentável, mas também ganham vantagem competitiva ao atender a uma demanda crescente por produtos e serviços ambientalmente responsáveis.

Mas a economia verde vai além dos créditos de carbono. Um ponto-chave é a matriz energética. Os países mais desenvolvidos ainda são obrigados a usar fontes “sujas” para atender à sua demanda energética, que ainda depende dos combustíveis fósseis e carvão.

Há uma corrida genuína por uma transição energética, mas é um processo gradual e de grande impacto econômico.

No Brasil, porém, graças à aposta precoce nas hidrelétricas, no etanol e, mais recentemente, nas energias eólica e solar, a matriz energética é uma das mais limpas do mundo.

Sem falar no potencial do hidrogênio verde, que temos condições de produzir por aqui em condições muito mais vantajosas do que em outros países. Isso nos dá uma condição privilegiada para um posicionamento de liderança na economia verde.

Mas é preciso foco e ações regulatórias por parte do governo para que esse potencial se materialize.

As iniciativas privadas em torno da geração de energia eólica e solar são muito pertinentes, já que a produção de hidrogênio verde exigirá muita energia para o processo de hidrólise (separação do hidrogênio na molécula de água).

Enfim, o poder regenerativo das áreas verdes recuperadas (devidamente remunerado pelo o mercado de créditos de carbono), somado às fontes energéticas limpas, poderão tornar nosso país um novo eldorado, capaz de levar nossa economia a outro patamar. Só precisamos saber minerar esse novo ouro verde.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
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