O retrato macroeconômico brasileiro mostra um importante respiro neste segundo semestre de 2022. Alguns dirão que é um respiro passageiro, criado artificialmente, como parte de um jogo de eleições. Pode até ser.

Mas o fato é que estamos tendo uma queda na inflação, também no desemprego, e uma previsão mais otimista quanto ao aumento do crescimento do PIB neste ano. Até como um reflexo da parada de dois anos e um consequente represamento de negócios, por conta da pandemia, alguns setores estão experimentando um boom visível a olho nu.

O setor de eventos, por exemplo. Tanto os eventos corporativos, como os sociais, esportivos e de entretenimento, todos estão bombando. Basta ver o público do Rock in Rio, as feiras de negócios e a lotação dos estádios de futebol. O clima é de quase euforia.

Só não chega a tanto porque temos no horizonte uma eleição complicada, com uma polarização evidente entre dois extremos questionáveis. Mas este não é um
artigo de política e paro essa abordagem por aqui.

Volto ao ambiente socioeconômico existente e uma consequente complexidade para se planejar o próximo ano.

Aliás, os gestores de negócios brasileiros já estão calejados em relação às agruras para se planejar, em função da volatividade econômica do Brasil. Mas, já que não
dá para escolher o melhor ambiente para planejar, precisamos encarar essa tarefa com as variáveis que temos, mesmo que nebulosas...

Mas, independentemente das questões políticas, há algumas iniciativas que devem ter uma agenda própria e uma atitude pragmática para aplicação no curto prazo, ou seja, no ano que vem. ESG é uma delas. Não dá para adiar mais.

Por enquanto, a obrigatoriedade de apresentação de relatórios consistentes de ações nas áreas ambientais, sociais e de governança está restrita às instituições financeiras, às quais o Banco Central exige a publicação do GRSAC – Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas; e às companhias abertas, que, de acordo com a resolução CVM 59, haverá maior rigor na apresentação de relatórios não-financeiros (ambientais e sociais), que deverão ser auditados a partir de 2023.

Mas, independentemente da obrigatoriedade legal, todas as empresas – todas mesmo – deverão se preocupar em praticar uma política ESG, sob risco de ficar de fora do jogo dos negócios.

Isso porque há um efeito dominó evidente: a empresa maior, pressionada pelas obrigatoriedades e práticas internacionais, pressiona seus fornecedores e prestadores de serviços a adotarem a mesma cartilha, sob risco de serem preteridos.

E, assim, ninguém escapa. Mas, independentemente dessa pressão, a adoção dos princípios ESG deveria ser bem vista por todos. Afinal, estamos falando num processo coletivo por um mundo melhor.

Um mundo em que as empresas se comprometem com a proteção ambiental, com as questões sociais e com uma governança ética e transparente, sem abrir mão do
lucro.

Não deveria ser assim sempre? Não deveríamos estar – todos – nessa mesma vibe? Portanto, ao iniciar o planejamento 2023, não adie mais a inclusão dos princípios ESG nas ações da sua empresa. Dá para começar de forma gradual, sem exigir grandes investimentos.

Ao contrário, há ações ESG que provocam redução de custos operacionais. É difícil prever o que nos espera em 2023, em termos políticos, mas o empresário brasileiro já está acostumado e sabe que precisa tocar seus negócios com obstinação, independentemente dos caminhos tortuosos da administração governamental.

Não dá para ficar jogando a culpa na política. É hora de pragmatismo e foco no negócio. Mas é hora também de pensar no papel das empresas em melhorar a vida das pessoas e do planeta, sem deixar de lado o lucro e a sustentabilidade dos negócios.

Bora planejar um mundo melhor para todos?

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br