Semana de SXSW, vamos falar sobre inovação na prática. Aqui vai minha contribuição.

Primeiro: nem sempre a inovação está em startups. Inovar pode ser um novo olhar em processos já consagrados. Exemplo: inovar em foguetes não é criar um outro meio para ir ao espaço, mas descobrir como dar ré neles.

Segundo: startups precisam escalar. É obvio, mas precisa ser diferente. Fazer em pequena escala pode ser algo grande.

Terceiro: a palavra disruptivo deriva do francês “distuptif”; derivado do verbo “disrumpere, que significa romper e despedaçar. Essa coisa de destruir para construir algo monetizável tecnologicamente sobre os escombros “do que está ai” é uma sombra que traceja uma semana como essa a partir de Austin e demonstra o mundo que construimos com o MAGA (Meta, Apple, Google, Amazon).

E por falar em IA decidi contar um pouco como é uma parte da cozinha da T&S. Na Tech&Soul iniciamos uma experiência prática com IA em outubro de 2022 na criação. Em parceria com a Rain, IA de Domenico Massareto, criamos uma experiência social sobre a adoção da inteligência artificial na criação.

Minha curiosidade era entender como os criativos se sentiriam emocionalmente em duplar com uma IA. Dariam crédito ao parceiro? Aceitaria suas ideias? Trabalhariam sobre um insight dado por uma IA?

O método que decidi era cientificamente repleto de buracos, mas interessante. Uma mesma equipe de cinco criativos se depara com um pedido de campanha e tem uma semana para desenvolver caminhos criativos.

Após o review de ideias, separei os três melhores. Na sequência, “duplando” com a Rain, precisavam apresentar opções em uma semana. Fizemos a reunião em dois dias. Escolhi três caminhos dessa leva e apresentei as seis ideias em ordem alternada para os clientes, que não sabiam do experimento e escolheram duas. Uma delas desenvolvida sem IA e outra feita com a colaboração da mesma. Cliente satisfeito. Filmei todo o processo, apresentação etc. Muita coisa interessante aconteceu. Mas ficou uma lição muito simples. Velocidade. A IA faz a coisa acelerar rapidamente.

Se criar é abrir mão de cem caminhos para investir em um apenas, a IA acelera muito o processo de eliminação. E coloca alguns caminhos inusitados em sua frente.

Alguns aspectos interessantes:

1º) Havia uma reatividade notória sobre a “participação” de quem não era do time. Seria assim com qualquer membro novo da equipe. Fosse humano ou sintético;

2º) As ideias em qualidade se equivaliam, mesmo porque a colaboração dos criativos humanos era final e o filtro que estava no fim do processo;

3º) A grande diferença, o tempo de brainstorming foi muito mais curto com IA;

Depois dessa introdução, outras IA vieram como ferramentas valiosas. Muito mais no processo produtivo e de entrega da agência.

Sempre dividi o processo criativo em verdade, insight, ideias, critério, leiautes e apresentação. Tudo deve ser perfeito.

Hoje usamos IA além da concepção da ideia e estudos de insight e estratégia. Na produção é uma grande ajuda. De maneira muito assertiva e intensa produzimos imagens de apresentação, KVs de campanha, filmes protótipos em movimento, Story board animado, imagens de anúncios e motion próximos a material finalizado. Já fizemos varias vezes a produção e veiculação final. E fazemos isso com gente experiente fazendo os pedidos às IA.

Vamos lá. Levando em consideração que a Tech&Soul ocupa a 26ª posição no ranking de agências do CENP e, em seus sete anos, sempre cresceu, podemos afirmar: em 2025 a criação possui 1/4 a menos de pessoas na criação e produção do que em 2022. O trabalho continua intenso. A criação é humana, com IA acrescentando velocidade; o perfil do profissional de criação/produção naturalmente mudou. É bem mais sênior do que em 2022. A IA é bem melhor manipulada por pessoas experientes e talentosas, ou então jovens extremamente talentosos e curiosos. Isso devido também à amplitude de vocabulário e à capacidade técnica para poder pedir à máquina que se esforce mais e ofereça melhores resultados. Um diretor de arte com conhecimento de história da arte e cinema pode pedir estilos históricos, autores consagrados ou mesmo imagens com lentes e câmeras especificas. Saber pedir é ouro.

O tempo de criação/produção/leiaute e apresentação reduziu drasticamente. Posso afirmar que o que antes levava quatro semanas, em alto nível, hoje representa apenas três. Proporcionalmente é isso.

Rain, Miid Journey, Run away e mais algumas IAs que entram e saem do cardápio todo mês têm feito diferença no nosso negócio. Espero que esteja fazendo diferença no seu também para aprimorar os processos, acelerar a eficiência e ainda ganhar tempo de gente talentosa e bem remunerada.

Na prática, é isso aí!