A emergência climática exige que todos os setores assumam suas responsabilidades. Não há solução individual possível: avançaremos apenas de forma coletiva.
E nós, comunicadores e anunciantes, estamos no centro desse desafio, porque a integridade da informação se tornou um dos pilares da ação climática, na medida em que a desinformação foi considerada pelo Fórum Econômico Mundial como a principal ameaça global imediata, fortemente agravada pelo uso de ferramentas de inteligência artificial para geração de conteúdo enganoso.
A informação enganosa corrói a confiança pública e alimenta divisões sociais, ameaçando a governança e dificultando decisões estratégicas coletivas.
O prejuízo é tanto para a agenda ambiental quanto para a reputação das marcas que, inadvertidamente, acabam sustentando ecossistemas informacionais nocivos.
Nesse contexto, sem dados confiáveis, narrativas responsáveis e comunicação transparente, nossa capacidade de compreender riscos, engajar a sociedade e agir com urgência fica seriamente comprometida.
E, para a ABA, assim como a promoção de ESG, o combate à desinformação, em todas as suas formas, é uma frente estratégica e inegociável que integra nossa visão de futuro para um marketing responsável.
Para os anunciantes, essa é uma agenda ética e pragmática: investir em ambientes digitais confiáveis é proteger a sociedade e a credibilidade das marcas.
Anunciar em canais que propagam conteúdos falsos ou distorcidos sobre clima coloca em risco valores, reputação e a relação de confiança com os consumidores.
Foi com esse entendimento que apoiamos a ‘Carta compromisso pela integridade da informação climática na publicidade digital’, iniciativa da Rede de Parceiros pela Integridade da Informação sobre Mudança do Clima (RPIIC), liderada pela Secom e lançada em 13 de novembro, durante a COP30, no painel ‘Integridade da informação e ação climática no Brasil: sinergias entre governo e sociedade civil’, do qual participei representando a ABA.
Como integrante do GT Eixo-5, contribuímos para a elaboração do capítulo que reúne recomendações de boas práticas para anunciantes, empresas de publicidade, plataformas digitais e serviços de publicidade programática.
Entre as medidas propostas estão: evitar greenwashing; não anunciar em páginas que promovem desinformação; bloquear sites criados apenas para gerar receita publicitária; ampliar a transparência da cadeia de veiculação; aprimorar sistemas de moderação e recomendação; rotular conteúdos pagos; desenvolver técnicas de pré-bunking; e apoiar iniciativas de letramento climático e jornalismo responsável.
Ao apoiar este documento, a ABA reafirma seu compromisso histórico de liderar práticas responsáveis em comunicação e sustentabilidade.
Trata-se de mais um passo concreto para fortalecer a integridade informacional e a ação climática no país, que se soma às iniciativas de ESG que já promovemos, como o ‘Guia global sobre claims de sustentabilidade em marketing e comunicação’ e o ‘Guia marketing sustentável 2030’.
Reforçamos, assim, o papel da publicidade como força positiva para transformar narrativas, ampliar a confiança pública e impulsionar uma ação climática baseada em ciência, transparência e responsabilidade.
Nelcina Tropardi é presidente da diretoria nacional da ABA e VP da área jurídica, ESG e de assuntos corporativos do Carrefour