Minha primeira vez no Cannes Lions foi há mais de 20 anos. Tive a sorte de estar na DPZ, quando a agência decidiu que o atendimento também devia se inspirar em Cannes. E eu, à época, um diretor de contas, fui um dos escolhidos para ir ao festival.

Isso foi no ano 2000. Nessa época, só criativos iam ao festival. Nós, do atendimento, nos sentíamos meio que estranhos no ninho.

Havia poucas categorias e pouco conteúdo paralelo. Ficávamos a maior parte do tempo no Palais, assistindo a dezenas de comerciais por dia. Mas a minha ida a Cannes tinha um preço: eu tinha o compromisso de compartilhar os insights e minhas impressões com meus colegas da agência.

Cumpri minha obrigação e... gostei! De lá para cá, fui a Cannes umas 20 vezes. Com diversos chapéus e atribuições. Fui palestrante e coordenador de workshop em duas ocasiões, representando a Ampro.

Aliás, foi o primeiro conteúdo específico de live marketing no Cannes Lions. Da primeira vez, falamos do poder dos brindes, dos sorteios e concursos para impulsionar vendas.

‘Giving is taking’ foi o título do workshop. Sala lotada! Show! A segunda vez, foi em 2013, ano anterior à Copa do Mundo no Brasil e próximo das Olimpíadas por aqui.

O tema foi ‘Sports power’, tratando do poder do esporte na construção de marcas e ativação de negócios.

A sala só não lotou porque no auditório principal, ao mesmo tempo, estava Mark Zuckerberg – infeliz coincidência!

Mas são realizações que fazem parte da história e das quais me orgulho muito.

Trago o tema aqui novamente porque nesta semana começa mais um Cannes Lions Roadshow, uma atividade que criei na época da minha atuação como diretor da Fenapro.

Na verdade, eu já fazia essas apresentações pós-Cannes antes, pela Ampro, pelo WTC e mesmo pela Impact (agência da qual fui sócio). Mas o Cannes Lions Roadshow nasceu com um caráter “oficial”, pois era uma iniciativa apoiada pelo Estadão, representante do festival no Brasil.

A ideia é percorrer diversas cidades do Brasil, reunindo o ecossistema de comunicação, envolvendo donos e diretores de agências, mídia, fornecedores, professores e estudantes.

Meu compromisso tem sido, não só apresentar os cases mais impactantes, vencedores de Grand Prix, mas também as tendências e insights gerados durante a semana do festival.

É uma atividade que cumpro com muito prazer e, modéstia à parte, com eficiência, já que tenho um bom histórico do festival e consigo fazer análises completas, com um fio condutor de anos de Cannes Lions.

Normalmente, o roadshow começa antes, mas neste ano está se iniciando apenas em outubro.

Mas não há prejuízo, já que a apresentação não tem o compromisso de simplesmente reportar o que aconteceu no festival.

Ela vai além, com profundas análises de tendências e discussão em torno de insights poderosos.

A primeira apresentação deste ano será em BH, no dia 8 de outubro, sob coordenação do Sinapro-MG, com apoio da PUC-Minas.

Depois teremos Salvador (fazendo parte do Enapro 2025), Natal e Curitiba. Outras apresentações ainda estão por se definir.

E o que mais me entusiasma a realizar essas apresentações atualmente é conseguir juntar a criatividade do Cannes Lions aos critérios ESG, atividade a que estou mais dedicado no momento.

Já não é de hoje que os cases vencedores em Cannes têm uma pegada forte nas questões socioambientais e éticas.

São expressões criativas – ou criativistas, como gosto de nominar – ligadas a iniciativas de marcas e instituições com forte vínculo aos princípios ESG.

Costumo dizer que o impacto de cada edição do Cannes Lions dura um ano inteiro – até que aconteça mais uma edição. E vamos, ano após ano, renovando nossa inspiração.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br